Duas empresas funcionam no mesmo endereço do salão de cabeleireiros da sogra de um dos sócios
Fachada de prédio onde funciona empresa que vendeu ferries gregos (Foto: Paula Cosme Pinto/Arquivo Correio)
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No mesmo endereço de onde saíram as negociações para a venda de dois ferries gregos ao governo do estado da Bahia
— número 10 da Rua Dom Afonso de Noronha, na Grande Lisboa, em Portugal
— também é possível negociar aviões. Isso entre um corte e outro de
cabelo, já que no mesmo local funciona um salão de beleza. Dois sócios
da empresa portuguesa Happyfrontier Importação e Exportação Lda. (João
Carlos Palmeirão de Melo e Helder José Veras Nunes Barata) criaram uma
nova empresa no dia 22 de maio deste ano, a Red Frontier Lda.
A criação da sociedade ocorreu no mesmo dia em que a Happyfrontier recebeu de armadores gregos o segundo dos dois ferries que em seguida foram vendidos ao governo da Bahia (o primeiro foi comprado pela Happyfrontier no dia 2 de maio) e que aqui foram rebatizados de Dorival Caymmi e Zumbi dos Palmares, ambos já em operação na travessia Salvador-Itaparica.
O CORREIO localizou, ontem, a documentação do Ministério da Justiça de Portugal que formaliza a sociedade Red Frontier, que já nasceu tendo como atividade a comercialização, importação e exportação de navios, agenciamento de embarcações e aeronaves, além de outros serviços relacionados a transportes — diferente da Happyfrontier, que inicialmente vendia eletrodomésticos e mobiliários e que teve o objeto alterado em abril, seis meses depois de vender os ferries para a Bahia. As duas empresas funcionam no mesmo endereço do salão de cabeleireiros da sogra de um dos sócios — João Carlos Palmeirão de Melo.
A transação, realizada após um processo licitatório, está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE), que também recebeu denúncia de superfaturamento — os ferries foram comprados pela Happyfrontier por 12 milhões de euros e vendidos por 18 milhões, acrescidos o transporte e treinamento da tripulação. O capital social da Happyfrontier é de 15 mil euros.
A Procuradoria-Geral de Justiça solicitou ao Grupo de Atuação Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa (Gepam), que iniciou a apuração, uma cópia de toda a documentação que está sendo analisada. Por se tratar de denúncia de improbidade em secretaria estadual, pode ser de atribuição da Procuradoria de Justiça essa apuração.
O MPE, através de sua assessoria de comunicação, informou que a documentação solicitada chegou, na segunda-feira à noite, para análise e que só deve voltar a se pronunciar sobre o caso após essa análise. A Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra), procurada ontem, informou que não recebeu do Ministério Público nenhuma recomendação ou documentação relacionada à compra das embarcações.
O Gepam já solicitou a recomendação de que o restante do pagamento à empresa seja suspenso até o fim da apuração. De acordo com o Portal da Transparência já foram realizados três pagamentos, que somam R$ 49,966 milhões — 85% do valor devido. O acordo com a empresa é de que o último pagamento só será realizado após 120 dias de operação, que começou há um mês.
A denúncia de irregularidades foi feita, inicialmente, pelo jornalista Fernando Conceição, professor da Ufba, em seu blog. O CORREIO foi à sede da Happyfrontier, na Grande Lisboa, quatro vezes e não localizou ninguém no local.
A criação da sociedade ocorreu no mesmo dia em que a Happyfrontier recebeu de armadores gregos o segundo dos dois ferries que em seguida foram vendidos ao governo da Bahia (o primeiro foi comprado pela Happyfrontier no dia 2 de maio) e que aqui foram rebatizados de Dorival Caymmi e Zumbi dos Palmares, ambos já em operação na travessia Salvador-Itaparica.
O CORREIO localizou, ontem, a documentação do Ministério da Justiça de Portugal que formaliza a sociedade Red Frontier, que já nasceu tendo como atividade a comercialização, importação e exportação de navios, agenciamento de embarcações e aeronaves, além de outros serviços relacionados a transportes — diferente da Happyfrontier, que inicialmente vendia eletrodomésticos e mobiliários e que teve o objeto alterado em abril, seis meses depois de vender os ferries para a Bahia. As duas empresas funcionam no mesmo endereço do salão de cabeleireiros da sogra de um dos sócios — João Carlos Palmeirão de Melo.
A transação, realizada após um processo licitatório, está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE), que também recebeu denúncia de superfaturamento — os ferries foram comprados pela Happyfrontier por 12 milhões de euros e vendidos por 18 milhões, acrescidos o transporte e treinamento da tripulação. O capital social da Happyfrontier é de 15 mil euros.
A Procuradoria-Geral de Justiça solicitou ao Grupo de Atuação Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa (Gepam), que iniciou a apuração, uma cópia de toda a documentação que está sendo analisada. Por se tratar de denúncia de improbidade em secretaria estadual, pode ser de atribuição da Procuradoria de Justiça essa apuração.
O MPE, através de sua assessoria de comunicação, informou que a documentação solicitada chegou, na segunda-feira à noite, para análise e que só deve voltar a se pronunciar sobre o caso após essa análise. A Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra), procurada ontem, informou que não recebeu do Ministério Público nenhuma recomendação ou documentação relacionada à compra das embarcações.
O Gepam já solicitou a recomendação de que o restante do pagamento à empresa seja suspenso até o fim da apuração. De acordo com o Portal da Transparência já foram realizados três pagamentos, que somam R$ 49,966 milhões — 85% do valor devido. O acordo com a empresa é de que o último pagamento só será realizado após 120 dias de operação, que começou há um mês.
A denúncia de irregularidades foi feita, inicialmente, pelo jornalista Fernando Conceição, professor da Ufba, em seu blog. O CORREIO foi à sede da Happyfrontier, na Grande Lisboa, quatro vezes e não localizou ninguém no local.
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