O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
criou, hoje (3), a Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no
Brasil, no âmbito da entidade, para investigar os fatos relativos à
escravidão de africanos e seus descendentes. A intenção, também, é fazer
um resgate histórico e da contribuição da população negra para o
desenvolvimento do país. Para o presidente do Instituto da Advocacia
Racial e Ambiental, Humberto Adami, a comissão cria um espaço para a
escravidão do negro ser passada a limpo. “Para que se consiga ver o que
aconteceu, a tragédia e o holocausto do povo negro, do povo africano no
Brasil, e a partir daí se possa buscar com mais firmeza a aplicação de
política de ação afirmativa, para que os brasileiros que estão em uma
situação de cidadão de segunda classe partam para a verdadeira
igualdade”, disse. Em sessão plenária, o conselho decidiu, ainda,
encaminhar ao governo federal a proposta de instalar a comissão da
escravidão negra nos moldes da Comissão Nacional da Verdade (CNV) que
investiga as violações de direitos humanos durante o regime militar,
entre 1964 e 1985. Segundo Adami, além do resgate histórico, é possível
discutir a reparação e avaliar as condições de desigualdade nos campos
político, econômico, de mercado de trabalho, das questões quilombolas e
das religiões de matriz africana. “Na verdade, você transforma e refunda
a República ao trazer a reparação da escravidão para uma discussão
franca e aberta, como tiveram os judeus, os japoneses da época do
macartismo e outros grupos humanos que passaram por períodos de
discriminação. Apenas para a população negra isso ainda não foi
concedido”, disse Adami. Os membros da comissão da OAB devem ser
escolhidos e nomeados até o próximo mês. POLITICA LIVRE
Andreia Verdélio, Agência Brasil
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