MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Evo Morales: "obrigado, Fidel"


Evo Morales, o presidente boliviano, é agradecido, pois reconheceu publicamente que seu acesso e continuidade no poder, ao qual chegou no 2005, é conseqüência da assistência de todo tipo que o desaparecido Hugo Chávez e o tristemente presente Fidel Castro lhe prestaram.

Chávez e Castro facilitaram a Morales os recursos materiais e logísticos que necessitava para desestabilizar o país e se converter em uma alternativa de poder, porque se não fosse por estes dois autocratas, o líder cocalero não teria passado de ser um agitador de ofício que recorria à violência extrema para impor sua vontade e incrementar sua influência, porém sem possibilidades de ganhar umas eleições presidenciais.
Embora Morales se vista como civil e pretenda aparentar ser um humilde indígena, não é menos cruento e abusivo que seus pares de uniforme que o precederam, ao extremo de que é o governante que por mais tempo dirigiu o país.

O primeiro governo de Morales deveria ter fim em 2010, porém a adoção de uma nova constituição - as conhecidas manobras re-fundacionais dos patrícios da Aliança Bolivariana das Américas (ALBA) -, lhe permitiram postular-se em 2009, quando levava três anos na presidência, pelo que estendeu seu mandato até 2015.

Com este recente triunfo eleitoral, Evo Morales e seu vice, Alvaro García Linera, poderão governar até 2020, mas conhecendo as ambições de poder de ambos, é de se esperar que em alguns meses iniciem uma campanha para reformar a Constituição, e aspirar a um quarto mandato ou, talvez indefinidamente, como estabeleceu Rafael Correa, outro déspota da ALBA.

Em 2013, os índices de desenvolvimento democrático que a fundação Konrad Adenauer e a consultora argentina Polilat produziram assinalam que a Bolívia é um país com baixo desenvolvimento democrático, inclusive aponta que está abaixo de sua melhor marca obtida no ano de 2002.

O documento resenha que a Lei 045 de Luta contra o Racismo e Toda Forma de Discriminação foi utilizada para batalhas legais entre oficialistas e opositores, como também contra os meios de comunicação.

Sobre a situação da imprensa e os jornalistas na Bolívia, manifestaram-se a Sociedade Interamericana de Imprensa, Repórteres sem Fronteiras, Periodismo sin Fronteras e o Comitê de Proteção aos Jornalistas.

A corrupção é outra marca presente no oficialista Movimento ao Socialismo (MAS), marca que também se mostra em todas as instâncias do governo de Morales.

Os jornalistas Humberto Vacaflor e Marianela Montenegro - só alguns exemplos porque há inúmeras revelações a respeito -, confirmaram as denúncias de legisladores da oposição da corrupção, tráfico de influência e prejuízos econômicos ao Estado boliviano, dos quais responsabilizam o presidente Evo Morales e seu vice-presidente, García Linera, assim como seus colaboradores mais próximos.

Os jornalistas expõem que as denúncias de corrupção vão desde super faturamento de preços em construção de estradas, à construção ilícita de mais de 8 condomínios na cidade central boliviana de Cochabamba.

A Bolívia expulsou a Administração Anti-drogas dos Estados Unidos, DEA, em 2008, e em um recente informe Washington referia que Venezuela e Bolívia, junto à Birmânia, são os países que não cumpriram com seus compromissos contra o tráfico e a produção internacional de drogas nos últimos doze meses.

Segundo um escritório das Nações Unidas, a Bolívia tem um excedente de cultivo de 19 mil hectares, e um estudo feito pela União Européia estabeleceu que o país só necessita cultivar 14.705 hectares de coca para mascar e uso medicinal.

O governo de Morales tem a seu haver inúmeros assassinatos, depois de se haver comprometido a governar sem mortos. Um dos mais destacados foi o massacre de El Porvenir, Pando, onde 13 pessoas perderam a vida e cinqüenta foram feridas de bala.

O afã continuista tem muito a ver com a adição ao poder, mas também é um assunto de sobrevivência. Governar garante a impunidade pelos abusos cometidos, além de que também permite continuar desfrutando dos bens do Estado e das vantagens que o poder permite.

Morales controla as frágeis instituições de seu país, tal e como fazem seus pares da Nicarágua, Equador e Venezuela, condição que tornou possível que o Tribunal Constitucional decidisse que esta nova postulação era a segunda e não a terceira, como foi na realidade.

A esta situação é necessário somar a política clientelista ou de favores do governo para os eleitores, uma constante campanha de intimidação contra o votante, junto a ameaças e represálias contra possíveis candidatos contrários ao governo.

A vitória de Evo Morales e o modelo que patrocina não é uma surpresa, o controle da máquina eleitoral e de todos os poderes do Estado é uma garantia que o povo boliviano só pode revogar, quando assumir definitivamente o controle de seu destino.

Tradução: Graça Salgueiro

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