Procedimento é sempre desmarcado por falta de anestesista, diz mulher.
Secretaria de Saúde diz que atendimento será normalizado com hora extra.
Perna
quebrada do professor de educação física Rivaldo Sousa e o raio X que
mostra a fratura (Foto: Cleyde Sousa/Arquivo Pessoal)
O professor de educação física Rivaldo Sousa, de 37 anos, está internado há seis dias no Hospital de Paranoá, no Distrito Federal,
à espera de uma cirurgia na perna, fraturada no último dia 31 em um
acidente de moto. Ele tem passado os últimos três dias de jejum para a
realização do procedimento, mas a cirurgia é sempre desmarcada, afirma.“Ainda não tem previsão para a solução desse problema. Tem três dias que falam para ele: 'Fica em jejum'. Ele passa o dia todo em jejum e depois falam: 'Não vai mais ser hoje'. Ele depende da perna, é professor de capoeira. Fica com a perna parada e aí atrofia. Como que tira o sustento?”, disse a mulher.
“Tem muito paciente esperando há vários dias por uma cirurgia ortopédica. Eles falam que é falta de profissional e, principalmente, anestesista. O governo não está pagando hora extra, está um abandono total”, declarou.
Rivaldo
Sousa, que está internado há seis dias aguardando cirurgia na perna no
Hospital do Paranoá (Foto: Cleyde Sousa/Arquivo Pessoal)
Na semana passada, o GDF proibiu a realização de horas extras para os
profissionais de saúde. Nesta semana, voltou atrás. A Secretaria de
Saúde informou, por meio de nota, que o atendimento na rede,
independentemente da especialidade, será normalizado. A secretaria não
se posicionou sobre a fila de espera por cirurgias no Hospital Regional
do Paranoá até a última atualização desta reportagem.Falta de médicos
Segundo o Sindicato dos Médicos do DF, anestesiologia é uma das três especialidades médicas que mais faltam profissionais na rede pública – as outras são pediatria e clínica médica. A entidade diz que o DF tem hoje 376 anestesistas registrados pelo Conselho Regional de Medicina. Desses, 280 são servidores da Secretaria de Saúde.
Quando os aprovados no último concurso público assumirem o cargo, serão 36 anestesistas a mais na rede. Mas, segundo a médica e diretora de imprensa do sindicato, Adriana Grazano, a questão não se restringe ao número de médicos.
"Não basta só fazer concurso público se você não oferece condição. Não é só a falta de anestesistas, a gente tem falta de material e de sala também. Às vezes é uma questão de espaço físico ou então de recurso humano. Eu preciso de cinco profissionais [para uma cirurgia]: instrumentador, técnico de enfermagem, enfermeiro, cirurgião e anestesista. Se um desses elementos está ausente, não pode funcionar”, disse.
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