Gestor reconhece que vida da população foi alterada no sul da Bahia.
Ele diz que reunião para discutir impasse está prevista para dia 23.
Guima Barreto, prefeito de Buerarema, cidade no sul da Bahia onde
índios e produtores rurais se enfrentam por terras, falou nesta nesta
quinta-feira (12) sobre as interferências do conflito na vida da
população. O gestor fala sobre "clima de tensão" e afirma que uma
reunião com entidades envolvidas está prevista para o próximo dia 23 de
setembro, em Salvador.
"O clima está feio e as invasões continuam. Na verdade, não teve demarcação de terras em Buerarema. Estamos diante da possibilidade de uma guerra civil porque os fazendeiros ameaçam fazer 'justiça' com as próprias mãos e isso não pode acontecer. Estaremos em Salvador dia 23 com representantes de todos os envolvidos, além do Governo do Estado e do Ministério da Justiça", afirma Guima Barreto.
O G1 entrou em contato com o Ministério da Justiça e com o Governo da Bahia, mas não conseguiu confirmar a reunião sobre a situação em Buerarema.
Na noite de quarta-feira (11), a quantidade de caminhões parados em
frente à Empresa Baiana de Alimentos (Ebal) em Feira de Santana, a cerca
de 100 Km de Salvador, ocorreu por causa do fechamento da unidade em Buerarema, após o saque a uma das lojas da Cesta do Povo durante uma manifestação na cidade.
Por meio de nota, a Ebal informou que todo o estoque da Central de Distribuição local foi removido a fim de garantir a segurança e integridade física dos funcionários, além de preservar o patrimônio da empresa. O prefeito Guima diz que teve que interceder para que o funcionamento da unidade, que abastece 63 lojas da região, fosse mantido.
"Participei de uma reunião e garanti que a segurança seria reforçada para que o funcionamento fosse normalizado. São 63 lojas na região, com mais de 200 funcionários", diz Barreto.
Serviços interrompidos
No final do mês de agosto, escolas tiveram o funcionamento suspenso por causa do conflito em Buerarema. O prefeito afirma que a situação nas unidades de ensino já foi normalizada, mas contabiliza duas escolas mais próximas às zonas de conflito que continuam sem aulas.
"As escolas tiveram a segurança reforçada e a Força Nacional permite a frequência nas aulas. Há ainda a escola na Fazenda Dalgoberto e a escola Neide de Oliveira, onde não permitem [índios] o acesso do carro", afirma.
Os postos de saúde do município também tiveram o funcionamento afetado pela disputa de terra na região. As unidades mais próximas da zona rural deixaram de funcionar e a população é convocada a utilizar os serviços no centro da cidade. "Sei de dois postos que estão fechados e chamamos as pessoas a se vacinarem na cidade", completa.
O comércio da cidade também é afetado pelo clima de tensão. Segundo Guima Barreto, as lojas já voltaram a abrir, mas costumam fechar mais cedo pelo receio de saques.
O governador Jaques Wagner se refere ao impasse por terras na região de Buerarema como "traumático", destacando a necessidade do povo indígena, protegido por lei, e o vínculo dos produtores rurais à terra, sem alternativa de subsistência.
"Nós estamos vendo aí uma questão de pobres contra pobres. Porque, na verdade, quando eu demarco a terra, eu reloco os índios e desloco pessoas que são pequenos agricultores, que não têm outra fonte de renda. Então é um trauma e é por isso que esse trauma está marcando a cidade. A nossa primeira preocupação é que a gente aguarde o desfecho legal, jurídico, dessa questão, sem que haja essas invasões e troca de violência", destaca.
O conflito
A localidade conhecida como Serra do Padeiro, entre Buerarema, Una e Ilhéus, é alvo de disputa entre índios e fazendeiros. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), indígenas estão ocupando fazendas na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, que pertence aos índios Tupinambás.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirma que 300 indígenas Tupinambás participam das ações de ocupação das fazendas, que ficam em uma área de 47.376 hectares. Segundo o Cimi, a área foi reconhecida pela Funai e o processo estaria parado no Ministério da Justiça, o que teria motivado a ocupação das terras.
No entanto, Luis Uaquim, presidente da Associação dos Pequenos Produtores, alega que a área ainda não foi demarcada. “São locais de 2, 3 hectares. Não tem nada homologado. Nada que diga que é uma área indígena", afirmou. Ele conta ainda que os índios estariam sendo violentos durante a ocupação das propriedades.
"Eles [os índios] contratam pessoas e elas se vestem de índio, e vão atirando, tocando fogo nas propriedades. Eles [os fazendeiros] estão vivendo um terror. Eles moram lá e não têm pra onde ir. Isso é terror mesmo”, apontou Uaquim.
"O clima está feio e as invasões continuam. Na verdade, não teve demarcação de terras em Buerarema. Estamos diante da possibilidade de uma guerra civil porque os fazendeiros ameaçam fazer 'justiça' com as próprias mãos e isso não pode acontecer. Estaremos em Salvador dia 23 com representantes de todos os envolvidos, além do Governo do Estado e do Ministério da Justiça", afirma Guima Barreto.
O G1 entrou em contato com o Ministério da Justiça e com o Governo da Bahia, mas não conseguiu confirmar a reunião sobre a situação em Buerarema.
Por meio de nota, a Ebal informou que todo o estoque da Central de Distribuição local foi removido a fim de garantir a segurança e integridade física dos funcionários, além de preservar o patrimônio da empresa. O prefeito Guima diz que teve que interceder para que o funcionamento da unidade, que abastece 63 lojas da região, fosse mantido.
"Participei de uma reunião e garanti que a segurança seria reforçada para que o funcionamento fosse normalizado. São 63 lojas na região, com mais de 200 funcionários", diz Barreto.
Serviços interrompidos
No final do mês de agosto, escolas tiveram o funcionamento suspenso por causa do conflito em Buerarema. O prefeito afirma que a situação nas unidades de ensino já foi normalizada, mas contabiliza duas escolas mais próximas às zonas de conflito que continuam sem aulas.
"As escolas tiveram a segurança reforçada e a Força Nacional permite a frequência nas aulas. Há ainda a escola na Fazenda Dalgoberto e a escola Neide de Oliveira, onde não permitem [índios] o acesso do carro", afirma.
Os postos de saúde do município também tiveram o funcionamento afetado pela disputa de terra na região. As unidades mais próximas da zona rural deixaram de funcionar e a população é convocada a utilizar os serviços no centro da cidade. "Sei de dois postos que estão fechados e chamamos as pessoas a se vacinarem na cidade", completa.
O comércio da cidade também é afetado pelo clima de tensão. Segundo Guima Barreto, as lojas já voltaram a abrir, mas costumam fechar mais cedo pelo receio de saques.
Índios ocupam área de fazendas em Buerarena
(Foto: Reprodução/TV Bahia)
'Pobres contra pobres'(Foto: Reprodução/TV Bahia)
O governador Jaques Wagner se refere ao impasse por terras na região de Buerarema como "traumático", destacando a necessidade do povo indígena, protegido por lei, e o vínculo dos produtores rurais à terra, sem alternativa de subsistência.
"Nós estamos vendo aí uma questão de pobres contra pobres. Porque, na verdade, quando eu demarco a terra, eu reloco os índios e desloco pessoas que são pequenos agricultores, que não têm outra fonte de renda. Então é um trauma e é por isso que esse trauma está marcando a cidade. A nossa primeira preocupação é que a gente aguarde o desfecho legal, jurídico, dessa questão, sem que haja essas invasões e troca de violência", destaca.
O conflito
A localidade conhecida como Serra do Padeiro, entre Buerarema, Una e Ilhéus, é alvo de disputa entre índios e fazendeiros. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), indígenas estão ocupando fazendas na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, que pertence aos índios Tupinambás.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirma que 300 indígenas Tupinambás participam das ações de ocupação das fazendas, que ficam em uma área de 47.376 hectares. Segundo o Cimi, a área foi reconhecida pela Funai e o processo estaria parado no Ministério da Justiça, o que teria motivado a ocupação das terras.
No entanto, Luis Uaquim, presidente da Associação dos Pequenos Produtores, alega que a área ainda não foi demarcada. “São locais de 2, 3 hectares. Não tem nada homologado. Nada que diga que é uma área indígena", afirmou. Ele conta ainda que os índios estariam sendo violentos durante a ocupação das propriedades.
"Eles [os índios] contratam pessoas e elas se vestem de índio, e vão atirando, tocando fogo nas propriedades. Eles [os fazendeiros] estão vivendo um terror. Eles moram lá e não têm pra onde ir. Isso é terror mesmo”, apontou Uaquim.
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