Luan Santos A TARDE
A primeira tentativa foi no dia 2, no Hospital Português, mas, por falta de leito de obstetrícia e UTI neonatal disponível, não foi possível agendar a cesariana. A busca terminou quarta-feira, quando ela conseguiu uma vaga no Hospital Santo Amaro. "Passamos a terça-feira toda na rua. Fomos a mais três hospitais e nada. Ela nem dormiu de tanta preocupação", disse Cristiano.
O problema de falta de leitos de obstetrícia e de UTI neonatal nos hospitais privados enfrentado pelo casal é comum e preocupante, segundo entidades da classe médica e representantes das unidades particulares de saúde.
Hoje, o número de leitos destas áreas é da ordem de 316, sendo 225 obstétricos (147 cirúrgicos e 70 clínicos) e 126 de UTI neonatal, segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde.
"Temos um déficit, que é perceptível. O motivo é simples: o valor que o convênio paga não é satisfatório para os hospitais", explicou Costa.
Repasse
O dirigente diz que os planos de saúde não repassam para os hospitais o valor real dos gastos, o que acaba gerando prejuízo: "As unidades fecham os leitos de obstetrícia e ofertam para outras especialidades, de maior remuneração, como oncologia".
Costa diz que os hospitais gastam, em média, R$ 3.500 por paciente na maternidade. No entanto, ele ressalta, os planos repassam entre R$ 2.500 e 3.000.
Em nota, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde) - representante dos planos de saúde - informou que as operadores vinculadas à associação "estão entre as que melhor remuneram hospitais".
Ainda segundo a nota, "cada operadora de plano de saúde possui condições específicas de remuneração a fornecedores e prestadores e serviço". A Fenasaúde conta com 31 operadoras de planos de saúde associadas.
Comissão
Outra paciente que enfrentou a falta de leitos de UTI neonatal foi a jornalista Carolina Mendonça. "Minha cesariana foi remarcada de segunda para quarta-feira. Liguei para outros três hospitais para um caso de urgência, mas nenhum tinha leitos disponíveis", contou ela.
Terça-feira, a operação foi novamente adiada. Aflita, ela conseguiu a vaga para a quarta por meio de seu obstetra, que atua no Português.
Em virtude desta situação, representantes da classe médica, professores universitários e membros de hospitais privados formaram uma comissão para analisar este déficit de leitos e buscar soluções.
O vice-presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia (Sogiba), Wigberto Azevedo, diz que a situação é preocupante.
"Há grande demanda de partos e estes leitos não atendem. Se o bebê precisar de internamento neonatal, há grande probabilidade de não haver vaga, o que põe em risco a vida da criança", afirmou.
Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), Associação Bahiana de Medicina (ABM) e Universidade Federal da Bahia (Ufba) também integram a comissão.
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