Carlos Newton
A sucessão de 2022 já está nas ruas e a volta de Lula da Silva à política acelerou e apimentou a campanha. O presidente Jair Bolsonaro e os demais pré-candidatos – como João Doria, Ciro Gomes, Guilherme Boulos, Eduardo Leite, João Amoêdo etc. – foram surpreendidos pelo voto escalafobético do relator Edson Fachin, que teve uma epifania jurídica ou um mal súbito e decidiu anular as condenações de Lula, restabelecendo os direitos políticos do mito petista. Agora, a confusão é geral, como dizia Machado de Assis.
O mais curioso é que a decisão de Fachin não decide nada. Lula pode dizer que é candidato, pedir voto e tudo o mais, porém seu destino somente será definido quando o Plenário do Supremo se reunir para julgar o habeas corpus pessoal e eleitoral do fundador do PT.
DUAS BANCADAS – Como se sabe, há anos o STF está dividido em duas bancadas principais – uma a favor da Lava Jato e a outra, contra. Cinco ministros defendem a República de Curitiba: Luiz Fux, Edson Fachin, Cármen Lúcia, Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. E outros três lutam para desmoralizar e destruir a Lava: Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.
Sobram a volúvel Rosa Weber, que às vezes fica de um lado e depois do outro; o indecifrável Marco Aurélio Mello; e o neoministro Kassio Nunes, o fraudador de currículo, que tudo indica fará o que seu mestre mandar, como se justificava o general Eduardo Pazuello, ao atender as estapafúrdias e desumanas ordens de Bolsonaro.
Portanto, estamos diante de uma situação que torna impossível haver previsões sobre o futuro de Lula.
FALTAM DEZ VOTOS – Como Fachin já votou pela anulação das condenações que impedem a candidatura do petista, faltam dez votos. Com toda certeza, o relator será prazerosamente acompanhado pela bancada antilavajatista. Assim, contando-se Fachin, Gilmar, Lewandowski e Tofolli, Lula já tem quatro votos.
O outro lado também soma quatro votos para novamente cassar os direitos políticos do petista, com Fux, Barroso, Cármen e Moraes. Portanto, o julgamento será decidido pelo três votos restantes:
Marco Aurelio Mello – Apesar de enigmático, sabe-se que não tem maiores ligações com o PT e já declarou não concordar com a atual onda de linchamento da Lava Jato.
Rosa Weber – Foi indicada por Lula para o Tribunal Superior do Trabalho e depois nomeada por Dilma para o STF. Sua indefinição é notória e ela foi relutante ao votar contra a prisão após segunda instância,
Nunes Marques – É uma incógnita. O que se sabe dele é altamente negativo e sua nomeação está até sendo contestada no próprio Supremo, devido à fraude no currículo, em notícia-crime relatada por Rosa Weber.
TRADUÇÃO SIMULTÃNEA – O voto de Nunes Marques depende de Bolsonaro, porque o ministro fará tudo o que seu mestre mandar. Lembrem-se de que o neoministro pode repetir sua atuação na Segunda Turma, sobre a suspeição do então juiz Sérgio Moro.
Ou seja, Marques pode pedir vista e engavetar o processo pelo prazo que bem entender. E se o fizer ind3finidamente, Lula será candidato com base na liminar de Fachin.
Bolsonaro está irritadíssimo e não sabe como proceder. Num mano a mano eleitoral contra Lula, tudo pode acontecer, Por isso, são compreensíveis as dificuldades que o presidente vem enfrentando para pegar no sono. E a tendência é de que a situação vá piorando progressivamente. Haja Lexotan…
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