O rocurônio, usado no “kit intubação”, deve durar por mais alguns dias em Salvador. Desabastecimento ameaça hospitais pelo país
Foto: Divulgação/Jardel Scot
Por Lily Menezes
Como se todas as dificuldades enfrentadas
pelos estados e municípios para frear o avanço do novo coronavírus já
não fossem suficientes, a baixa de estoque dos chamados “kit intubação”
preocupa hospitais públicos e privados em todo o Brasil. A revelação foi
feita pelo prefeito de Salvador Bruno Reis, durante coletiva de
imprensa realizada nesta sexta (19). A quantidade do rocurônio
disponível na cidade é suficiente para abastecer as unidades de saúde
durante apenas dez dias, segundo o gestor municipal. O brometo de
rocurônio é um relaxante muscular usado no momento da sedação dos
pacientes, facilitando a intubação. A maior dificuldade é relacionada ao
cumprimento do prazo de entrega, devido à alta demanda. “Todas as
cidades do Brasil estão sofrendo com a falta desse medicamento. Nós
estamos tentando adquirir, temos estoque para os próximos dez dias, mas
os fornecedores estão sem condições, nesse momento, de nos garantir a
entrega”, diz o prefeito. Outros medicamentos também podem ter falta de
estoque nos centros de tratamento para a Covid-19 não só em Salvador,
mas em toda a Bahia. São sedativos, como o midazolam, fentanil e
propofol, e o bloqueador cisatracúrio.
Compras
Para tentar garantir o pleno funcionamento dos leitos de UTI, o Governo do Estado já começou a mobilização para novas compras. “A nossa Procuradoria Geral do Estado trabalhará firme com o STF (Supremo Tribunal Federal) defendendo os baianos e as baianas. Vamos continuar trabalhando para que esses dias difíceis passem logo”, afirmou o governador Rui Costa. Já o secretário estadual da Saúde Fabio Villas-Boas garantiu a duração do estoque de medicamentos até o próximo mês. “Nós nos preparamos para esse momento. Já fizemos a aquisição de sedativos e bloqueadores”, confirma o chefe da pasta. A intenção é conseguir abastecimento de estoque em outras fronteiras. “Foi iniciada uma articulação com o Fórum de Governadores para que o Ministério da Saúde faça uma aquisição internacional. A Bahia também está tentando fazer sua compra internacional própria”. Villas-Boas disse estar trabalhando junto à Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para que seja concluído um processo de compra de medicamentos que se iniciou em 2020.
Oxigênio
Em sua apresentação do balanço dos investimentos em saúde durante o primeiro ano da pandemia do novo coronavírus, o prefeito de Salvador demonstrou preocupação com os estoques de oxigênio nas unidades de saúde da cidade, devido à manutenção das altas taxas de ocupação dos leitos de UTI. “Nós temos contrato próprio, então o estoque de oxigênio está mantido nos equipamentos que já estão montados. Para os leitos atuais, temos o suficiente, mas já vira um gargalo dificultador para novas instalações”, diz Bruno Reis. Até o momento, já foram investidos 803 milhões de reais no enfrentamento à covid-19 na cidade; a média é de 74,5 milhões a cada mês. “É muito dinheiro, mas essa é a nossa prioridade e sempre será. A gente nem faz conta. Estamos trabalhando além do possível para salvar vidas”. Já a Sesab diz haver oxigênio suficiente para os equipamentos de saúde. Em nota, a pasta afirma: "Temos elevada capacidade de armazenagem nos hospitais, pois utilizamos tanques ao invés de cilindros. Além disso, temos contrato com diversos fornecedores que têm condições de dobrar a produção caso seja necessário, não havendo risco de faltar oxigênio".
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