Cobrança em poço artesiano gera revolta
em moradores do sertão, prefeitos e ex-prefeitos, além de deputados como
o federal Arthur Maia. Ex-prefeito de Bom Jesus da Lapa, ele conhece de
perto a vida de quem convive com a seca, anda quilômetros para buscar
uma lata de água e tem nos poços uma esperança.
Maia se revoltou contra a decisão do governador Rui Costa em obrigar
quem tem poço artesiano a instalar um hidrômetro para depois pagar o
estado pela água. A medida foi publicada pelo Instituto do Meio Ambiente
e Recursos Hídricos (Inema), do Governo do Estado, em portaria.
Ela obriga a instalação de hidrômetros para medir o volume de água
captada de lagos artificiais e poços tubulares para consumo humano, cuja
vazão supere 129,6 metros cúbicos por dia. Para Arthur Maia, a cobrança
é perversa.
“A Bahia é responsável por quase metade das regiões secas do Nordeste.
As pessoas que vivem nessa região passam muitas dificuldades e
sobrevivem, na grande maioria, às custas da água tirada dos poços
tubulares”.
“E é justamente essa água que o governador petista Rui Costa quer
cobrar do sertanejo que já vive com tão pouco. Ao longo de toda a minha
vida pública, nunca vi um ato tão perverso e mesquinho dirigido
diretamente contra os mais pobres”.
Agronegócio prejudicado
O também deputado federal Paulo Azi afirma que “há, em todo o Estado,
um clima de preocupação entre os produtores. Essa portaria é uma
tentativa de cobrar o uso da água, o que termina por inibir um dos
setores que mais crescem no Brasil, que é o agronegócio”.
“É de se estranhar que a portaria chegue somente agora para taxar os
produtores, que já sofrem com a falta de apoio do Estado, com a falta de
infraestrutura. Essa norma vai trazer prejuízos para o setor. Os
produtores não podem pagar essa conta”.
Falta debate
O deputado estadual Paulo Câmara é outro que está revoltado com a
medida. Membro titular da Comissão de Agricultura e Política Rural da
ALBA, ele diz que essa medida traz uma preocupação para os produtores,
por dar carta branca para que os comitês de bacias passem a cobrar.
“Se o Inema estiver implementando essa norma para controlar o uso
indevido da água, somente para fiscalização, terá o meu aval e o meu
apoio. Mas se for para cobrar futuramente e penalizar quem produz, eu
sou contra, pois é um desserviço. Os agricultores não aguentam mais
serem taxados”.
“Depois de 22 anos, por que só agora o estado tomou essa decisão para
penalizar o agricultor? Vale lembrar que o agronegócio é responsável por
25% do PIB da BA e essa Casa tem o compromisso de chamar os comitês de
bacias e o Inema para debater melhor essa norma”.
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