Após 4 dias de suspense, a vitória de Luíz Lacalle Pou é confirmada,
desbancando 15 anos de hegemonia esquerdista, simbolizada pelo
ex-guerrilheiro Mujica:
Luis Lacalle Pou é o presidente eleito do Uruguai. Ao meio dia desta
quinta-feira (28), o candidato de centro-direita do Partido Nacional
havia atingido um número de votos suficientes para garantir a vitória
sobre o adversário Daniel Martínez, do governista Frente Ampla, partido
que ocupa a presidência do país há 15 anos.
O resultado ainda não foi confirmado oficialmente pela Corte
Eleitoral do país, mas o vice-presidente do órgão, Wilfreco Penco, disse
à agência de notícias Efe que a diferença entre Lacalle Pou e Martínez
já é impossível de ser superada. A apuração de todos os chamados "votos
observados", semelhantes aos votos em trânsito no Brasil, deve ser
concluída no sábado.
Martínez reconheceu a derrota e cumprimentou o presidente eleito. "A
evolução do escrutínio dos votos observados não altera a tendência,
portanto cumprimentamos o presidente eleito Luis Lacalle Pou, com quem
vou realizar uma reunião amanhã. Agradeço àqueles que confiaram em nós
seu voto de coração. Continuaremos a defender a democracia com mais
força do que nunca", tuitou o candidato da esquerda.
Suspense
O Uruguai passou por um momento de suspense após a realização do
segundo turno da eleição presidencial no domingo (24). Com todas as
urnas apuradas na madrugada desta segunda-feira, uma margem mais
apertada do que o esperado de diferença entre os dois candidatos, de
apenas 28 mil votos, exigiu uma contagem mais meticulosa. O número de
votos observados (votos em trânsito), que não haviam sido apurados no
domingo, era maior do que essa margem de diferença entre os dois
adversários. Por isso, a Corte Eleitoral do país resolveu esperar o
cômputo dos votos observados antes de declarar o vencedor da corrida
presidencial. A contagem ainda está sendo feita, mas matematicamente
Martínez não tem mais como superar Lacalle Pou.
Novo governo
O resultado apertado indica que o presidente vai carecer de
legitimidade para implantar uma agenda que seja muito conservadora.
Lacalle Pou já declarou, em linhas gerais, que políticas do governo
anterior serão mantidas inicialmente, principalmente na questão de
costumes, como o casamento gay e a legislação sobre drogas, segundo
explicou Vinícius Vieira, professor de Relações Internacionais na USP e
FGV. Mas deve haver mudança do ponto de vista da economia, "porque temos
claramente um grupo que tem interesse no desenvolvimento de uma
política mais liberal".
O que pode mudar essa tendência mais centrista que tende a ser
adotada pelo governo, pelo menos nos primeiros anos, é a evolução do
Cabildo Aberto, partido da direita conservadora que conquistou o quarto
lugar no primeiro turno das eleições presidenciais e se aliou a Lacalle
na disputa final.
Dependendo do que acontecer nos próximos cinco anos, o governo de
Lacalle Pou "pode se sentir pressionado a desenvolver políticas mais à
direita a medida que o seu mandato avançar, se houver um avanço do
Cabildo Abierto", opinou Vieira.
Uma das principais propostas de Lacalle Pou é a redução do déficit do
setor público para proteger o acesso do Uruguai ao crédito barato. Sua
agenda também inclui reformas nos sistemas públicos de previdência e de
educação. O ex-senador conseguiu formar uma coalizão de cinco partidos,
de centro-esquerda à direita, que dará à sua presidência uma confortável
maioria em ambas as câmaras do congresso. (Gazeta do Povo).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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