Só há um ambiente onde o dinheiro não é o mais importante: onde ele sobra. Coluna de Luiz Felipe Pondé, via FSP:
O mundo contemporâneo é ridículo. Já sabemos disso. Cheio de ruídos,
histeria e fetiches. Se a ciência é o fetiche da burguesia (Adorno), Greta Thunberg é o novo fetiche dos inteligentinhos.
Não se trata de entrar nos esquemas paranoicos de quem acha que ela
seja financiada pelo big business verde. Quem duvida que não se deve
torrar a Amazônia é mal informado.
Muito menos se trata de achar que Emmanuel Macron queira tomar a Amazônia para construir uma fábrica de croissant.
Trata-se de perceber que a pequena menina sueca que não vai à escola
(afinal, escola para quê, né?) presta um desserviço a quem se preocupa
com as condições ambientais de fato. Sua histeria raivosa clara é coisa
de criança mimada.
Há aqueles que dizem que a pequena Joana D’Arc numa versão gourmet
(com a diferença, entre outras, que a verdadeira Joana D’Arc foi
queimada em nome do que acreditava, e Greta quer queimar o mundo
todo em nome de ter uma desculpa para não ir à escola) pensa assim
(refiro-me a seu desprezo pelo crescimento econômico global) porque vive
e foi educada num ambiente em que o dinheiro não era o mais importante.
Risadas?
Só há um tipo de ambiente onde o dinheiro não é o mais importante. Um ambiente onde sobra dinheiro.
A pequena sueca cresceu num ambiente onde sobra dinheiro. A Escandinávia é um parque temático que produziu a Greta como sua Branca de Neve raivosa.
Proponho que ela e seus seguidores enfrentem a China no seu mimimi
raivoso chique. A China vai comer com farinha essa discussão gourmet
criada a pão de ló.
Um jovem, por definição, entende pouco do mundo. O que prova essa
tese, entre outras coisas, é que é muito mais fácil sair em ambientes
seguros xingando todo mundo do que enfrentar o dia a dia de uma
adolescente comum.
Como sempre digo, os jovens que querem salvar o mundo (muitas vezes
aplaudidos por pais tão infantis quanto eles) preferem salvar o mundo do
que arrumar seu próprio quarto. Metaforicamente, diria que a mimada
Greta é um caso paradigmático de uma civilização que elegeu o modo
Nutella de ser como seu horizonte.
Infelizmente, essa criança está sendo cultuada como símbolo do que há
de mais ridículo no mundo contemporâneo: uma revolta feita para o
Instagram.
Outra prova é o número de Gretas que estão aparecendo por toda parte.
As redes sociais, na sua ambivalência característica, serve de cultura
(como no caso de cultura de bactérias) para esse crescimento genérico.
Não tenho dúvida que o crescimento econômico é uma questão séria e
que seus efeitos colaterais podem nos ser perversos. O problema é que a
única solução seria que a população fosse reduzida a um terço do que ela
é hoje. Quem vai matar os dois terços restantes para sermos
sustentáveis e fofos? Será que os seguidores da Greta topariam a
empreitada?
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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