Agência France Press
O atirador teria sido morto na operação policial. Ele também teria matado o pai em casa e a mãe na escola, onde ela trabalhava. O diretor e a psicóloga do colégio estariam entre as vítimas fatais.
A emissora NBC noticiou que o assassino morto era Adam Lanza, de 20 anos, a quem a polícia teria confundido com o irmão mais velho, Ryan Lanza, de 24, cuja carteira de identidade ele estava portando no momento em que invadiu a escola.
O porta-voz da polícia, tenente Paul Vance, disse à imprensa que o atirador matou 20 crianças e seis adultos, além de alguém que morava com ele, na Escola Fundamental Sandy Hook, em Newtown, Connecticut.
O massacre começou por volta das 09H30 local e "ocorreu em duas salas", o que sugere que as crianças ficaram encurraladas no local e foram alvo fácil do atirador, disse Vance. Na escola Sandy Hook estudavam cerca de 600 crianças, com entre cinco e 12 anos, incluindo vários filhos de brasileiros. O consulado do Brasil em Connecticut revelou que fez contatos com várias famílias e que não há informação sobre vítimas brasileiras.
Além do banho de sangue na escola, outro corpo foi encontrado em uma residência em Newtown, pequena e pitoresca cidade a nordeste de Nova York, elevando o número total de mortos até agora a 28, contando com o próprio assassino, morto na cena do crime.
Segundo a imprensa local, o atirador utilizou ao menos duas armas, uma pistola Glock e um fuzil Sig Saeur para cometer o massacre na pacata cidade de Newtown, onde na última década havia ocorrido apenas um homicídio.
O presidente americano, Barack Obama, chorou ao revelar que sente uma "tristeza opressiva" pelo massacre em Connecticut, um "crime abominável", e prometeu adotar medidas "significativas" para impedir tragédias envolvendo armas de fogo.
"A maioria daqueles que morreram hoje eram crianças, lindas criancinhas com idades entre 5 e 10 anos", disse Obama na Casa Branca. "Elas tinham a vida toda pela frente, aniversários, formaturas, casamentos, seus próprios filhos". Durante o discurso, Obama fez várias pausas e respirou profundamente, algumas vezes enxugando as lágrimas que insistiam em rolar.
"Entre os falecidos estão ainda professores, homens e mulheres que devotaram suas vidas a ajudar nossas crianças a realizar seus sonhos. Nossos corações estão partidos hoje por causa dos pais e avós, dos irmãos e irmãs daquelas crianças pequenas e pelas famílias daqueles que estão perdidos".
"Como país, já passamos demais por coisas assim", disse Obama sobre massacres anteriores no Colorado, no Oregon e no Wisconsin. "Estas localidades são nossas, essas crianças são nossas (...). Precisamos nos unir e tomar medidas significativas para evitar que mais tragédias como estas, independente de questões políticas".
O presidente ordenou que a bandeira americana fique a meio-mastro na Casa Branca, nos prédios federais e nos complexos militares em memória das vítimas do massacre.
"Um dos policiais disse que uma das piores coisas que ele já viu em toda a sua carreira, mas foi quando contaram a todos aqueles pais esperando pela saída dos filhos", declarou à emissora WCBS news uma enfermeira local, que correu para o local da tragédia. "Eles pensavam que as crianças ainda estavam vivas, sabe. Eram 20 pais que acabaram de receber a notícia de que seus filhos estavam mortos. Foi horrível", contou.
Testemunhas descreveram o massacre como um intenso tiroteio, com talvez 100 tiros disparados, e contaram ter visto um corredor sujo de sangue. "Estava no ginásio na hora. Ouvimos muitos estrondos e achamos que fosse o zelador desmontando coisas. Ouvimos gritos. E então, fomos para a parede e nos sentamos", contou um menino à emissora WCBS.
"Foi então que a polícia entrou. Tipo, ele ainda está aqui? Então ele correu. E aí alguém gritou para encontrar um lugar mais seguro, então fomos para o banheiro do ginásio e sentamos lá por um tempo", acrescentou, enquanto seus pais se aproximavam, atordoados. "Então a polícia, tipo, bateu na porta, e estavam evacuando as pessoas, estávamos evacuando as pessoas. Nós corremos", acrescentou.
"Havia polícia em cada porta nos conduzindo por aqui, por ali. Rápido, rápido, venham. Nós corremos até a brigada de incêndio. Havia um homem que derrubado no chão, com algemas", acrescentou. Após o massacre, uma grande força policial se dirigiu para a vizinhança, enquanto outras escolas da região foram fechadas.
A tragédia em Connecticut é a segunda maior em número de óbitos em instituições de ensino do país, depois do massacre de 2007 na universidade Virginia Tech, que deixou 32 mortos. O massacre na Escola de Ensino Médio de Columbine, em 1999, deixou 15 mortos, abrindo um debate feroz, porém inconclusivo, sobre a legislação branda de controle de armas nos Estados Unidos.
Massacres são uma ocorrência frequente em espaços públicos nos Estados Unidos, e só costumam terminar quando o atirador é morto ou se suicida. No acontecimento recente de mais notoriedade, em julho deste ano, James Holmes, um jovem de 24 anos, teria matado 12 pessoas e ferido outras 58 quando abriu fogo contra a sessão de meia-noite do último filme de Batman em um cinema de Aurora, Colorado.
Apesar destas tragédias, o apoio a leis mais duras para o porte de armas é controverso, com muitos americanos contrários a restrições àquilo que consideram um direito constitucional de manter armas de fogo potentes em casa.
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