O
DataBruna tem observado que homens solteiros e inteligentes constituem
parcela significativa do leitorado de feministas chatas. Cada qual tem
sua anti-musa, que eles leem com dedicação. Aprendem o seu vocabulário,
sua maneira de pensar, e ficam prontos para fazer sátiras ou paródias
feministas. É através disso que tomo conhecimento das influencers
feministas, porque eu mesma não tenho o mínimo interesse em verificar
com frequência o que uma dada feminista escreve.
Nas
olhadelas que dei, fiquei besta ao ver que essas sumidades acadêmicas
só discutem picuinha de BBB e homens. Aí eu disse: Eureka! Entendi por
que elas têm, no sexo oposto, leitores espertos e assíduos: é como se o
homem pudesse entrar no salão de beleza sem ser o cabeleireiro gay, e
ficar ouvindo as conversinhas cor-de-rosa.
Que
é feminismo progressista, senão conversa de salão de beleza? As damas
se fazem de difíceis, e bem poderiam ter um leque para se abanar
enquanto se sentem intoxicadas pela masculinidade alheia. Certas elas,
pois tóxicos amiúde causam dependência química, e síndrome de
abstinência é um problema sério.
As frívolas de antigamente
Pegue
o retrato mais caricato da mulher chata e frívola. Sua única conversa é
fofoca, e na fofoca ela faz duas coisas: fala mal das outras mulheres
(tidas como rivais no mercado amoroso) e disserta sobre os homens
disponíveis (ou mais ou menos disponíveis, que ela quer tornar
plenamente disponíveis). Esse tipo de mulher, que fala pelos cotovelos,
se junta em panelinhas compostas quase exclusivamente por mulheres —
digo “quase”, porque pode ter um gay "pintoso" no meio.
Nas
panelinhas, elas falam mal das mulheres de outras panelinhas, ou
não-integrantes de panelinhas. Quando o grupo se dispersa, umas vão em
privado falar mal das colegas de panelinha. Às vezes dá uma briga
daquelas de novela, com muita gritaria, unhada, tabefe e puxão de
cabelo. Quando objeto da disputa é um homem, ele fica todo prosa.
O
gênero humano não acha nada bonito ser assim tão frívolo, para ficar só
falando de intrigas e machos. Por isso elas mesmas, antigamente,
costumavam se fazer de pias devotas de Deus, que é a coisa mais sagrada e
elevada do mundo. E daí ficavam competindo para ver quem era a mais
religiosa de todas, botando defeito nas concorrentes, medindo saia e
analisando decotes.
Mas
a sociedade funcionava: essas chatas competiam para arranjar marido;
uma vez casadas, morriam de parto ou viravam mães de família. Com a alta
mortalidade feminina, sempre havia viúvos disponíveis. (No Brasil,
tínhamos ainda a figura da teúda e manteúda.) E com uma família para
criar, as mulheres sobreviventes sempre tinham o que fazer da vida. Por
mais frívola e chata que fosse, dava carinho aos filhos e ao marido —
até porque, se não desse, ele arranjava uma amante.
Por
fim, se a mulher estivesse mais interessada em dominar mulheres do que
em arranjar marido, ou se fosse simplesmente intragável demais para ter
esperanças de casar, poderia dissimular uma vocação religiosa e ir para
um convento, onde teria uma porção de moças à disposição.
A emancipação da mulher
Nos
anos 60 do século XX, a pílula anticoncepcional apareceu. Isto
aconteceu pouco depois de a Revolução Industrial se completar nos países
ricos do Ocidente e as sociedades ficarem mais urbanas. Ora, na cidade
há espaço para o trabalho meramente intelectual. Miolos femininos não
são tão diferentes dos masculinos assim.
Diferentemente
do campo, onde homens e mulheres têm atividades bem divididas segundo o
sexo, na cidade os empregos costumam ser unissex. Tanto faz se o seu
advogado, contador ou médico tem o sexo dos anjos ou um aparelho
reprodutor feminino. O profissional liberal não precisa de braço forte
nem de mãos delicadas; precisa de cérebro com conhecimento. Isso é meio
caminho andado para a emancipação feminina. O passo seguinte foi dado
pelo anticoncepcional, que tornou a gravidez uma opção feminina. Num
casal de contadores sem filhos, homem e mulher podem ser absolutamente
iguais em direitos e deveres. Como a igualdade não é meta de ninguém
sadio, os casais costumam dar uma calibrada nas responsabilidades para
encaixar um ou dois filhos em suas vidas.
Desde
então, homens e mulheres têm muito mais assunto para conversar, pois
não se trata mais de um mundo em que apenas os homens têm vida na
cidade, enquanto as mulheres se confinam às atividades domésticas. O
advogado se casa com uma latinista, o médico com uma advogada, o músico
com uma música; o advogado pede ajuda à mulher para pôr firulas num
processo, o médico antevê as enrascadas jurídicas em que pode se meter, o
músico pede ajuda na sua mais nova peça. Há mais assunto e mais espaço
para afinidades entre homens e mulheres.
A vida difícil das frívolas
E
as mulheres frívolas, como ficam? Assunto para conversar com homens
elas não têm, pois toda a sua cabeça gira em torno de panelinhas
femininas e paquera. A religião está fora de moda entre os letrados, e o
estilo de vida de classe média dificulta a volta da mulher à condição
de dona de casa. Para resolver o problema, as frívolas de hoje
encontraram salvaguarda no feminismo. Com o feminismo, as frívolas têm: a
chance de passar por criaturas votadas a causas nobres; ficar numa
panelinha feminina causando intrigas; se lésbica, apanhar moças
confusas, sem competição com homens.
Mas
essas mulheres frívolas são disfuncionais na sociedade. As carolas
d’antanho estavam sujeitas à autoridade da Igreja; as de hoje (isto é,
as feministas) estão sujeitas a um caudilho faccioso. Desde o Estado
laico, a Igreja é um fator que coopera com a sociedade em vez de
dominá-la — ao contrário do caudilho. E mesmo quando a Igreja dominava
as sociedades, as carolas não iriam se enfiar na intimidade alheia para
destruir relações conjugais, porque os valores pregados pela Igreja eram
funcionais. A santarrona não empreenderia uma cruzada contra a
maternidade, nem contra o casamento. A feminista, por outro lado, não
tem olhos para outra coisa que não o seu caudilho macho.
Pense
na religiosa mais detestável que lhes ocorrer. Agora pense em Márcia
Tiburi candidata ao governo do Rio de Janeiro, usando uma gargantilha
parecida com uma coleira, dela pendendo uma medalhinha com a cara de
Lula. É difícil pensar numa religiosa capaz de se rebaixar tanto.
Lembre-se ainda que a “filósofa” diz que Lula é o crush de toda mulher.
As feministas vivem no cio, clamando por um Che que endureça consigo. Excetuadas as lésbicas, claro.
Tá faltando mulher na classe média
Num
ambiente em que a Igreja é forte, quais serão as chances de um ateu
assumido arranjar uma mulher? Certamente as panelinhas femininas têm
influência nos valores de um nicho da sociedade. Por menos frívola que
seja uma mulher, e ainda que esteja disposta a assumir uma relação com
um ateu honesto, haverá um custo social. Ela não vai poder andar
orgulhosa do marido no seu meio, porque todas as carolas terão contado
que aquele homem aparentemente correto e bem sucedido é, na verdade, um
abominável ateu.
Agora
façamo-nos uma pergunta: quantas de nossas relações pessoais (inclusos
amigos e parentes) dependem de não dizermos uma frase errada? Se você
disser “sabe, vou tomar uma ivermectina porque não faz mal” ou “talvez
seja uma boa ideia imprimir os votos”, quantos não romperão amizades de
anos? Se com as amizades está difícil, quanto mais arranjar namorada. As
mulheres têm infindáveis panelinhas para falar mal dos homens que
tenham dito uma frase errada, ou que tenham feito algo que elas julgam
tóxico (ui!). Como as panelinhas femininas da classe média estão
completamente loucas, os solteiros mais astutos sempre vão dar uma
sondada nas influencers feministas.
Se eu fosse homem, deixaria as feministas chupando o dedo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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