Artigo do historiador Victor David Hanson, publicado pelo Daily Signal e traduzido para a Gazeta do Povo:
Sem bom senso no governo, a civilização não pode continuar.
Depois
dos protestos e atos de vandalismo no verão em muitas das grandes
cidades americanas, ativistas exigiram desfinanciar ou, pelo menos,
diminuir bastante o orçamento da polícia. Os chamados especialistas em
criminologia frequentemente concordam com isso.
Então,
alguns governadores de algumas cidades ignoraram os alertas públicos e
diminuíram sua presença policial, apesar do forte aumento do crime em
muitas cidades. Pilhagens e incêndios criminosos foram frequentemente
ignorados.
Se
você ligar para a emergência em uma grande cidade americana, não há
garantia que alguém irá responder prontamente e enviar um policial para
ajudar.
Então,
a venda de armas subiu muito. Algumas pessoas que nunca antes possuíram
armas, ou mesmo se opunham ao uso de armas de fogo, estão agora com
medo de ficar desarmadas.
A autoproteção frequentemente supera a ideologia abstrata.
De
acordo com uma pesquisa recente da Gallup, a maioria dos negros
americanos é a favor de manter ou aumentar a presença policial. Contudo,
as autoridades municipais que apoiam a redução na aplicação da lei
esperam, não obstante, que suas próprias casas e propriedades sejam
constantemente policiadas. O mesmo costuma acontecer com as elites
ativistas que vivem longe do centro da cidade.
Grandes
áreas do oeste americano estão agora carbonizadas por incêndios
florestais descontrolados. Alguns governadores e muitos burocratas
federais atribuem as conflagrações às mudanças climáticas.
Mas
aqueles que realmente vivem dentro de florestas ou em montanhas e sopés
que são historicamente vulneráveis a incêndios florestais, sabem que as
épicas secas de 2013-2015 mataram ou secaram milhões de hectares de
árvores e de vegetação.
No
entanto, a maioria dessas árvores em decomposição nunca foi removida
pelas autoridades. Eles agora fornecem o combustível para o atual
incêndio florestal de proporções apocalípticas.
Alguns
administradores florestais veteranos têm sido vozes solitárias nos
últimos anos. Eles alertaram que ignorar árvores mortas, limitar tipos
de pastagem de animais domésticos que reduzem os arbustos mortos e a
folhagem seca, proibir empresas madeireiras de ceifar madeira em
decomposição e impedir queimadas controladas periódicas eram uma receita
para os desastres que agora nublam os céus com incêndios, fumaça e
poluição do ar.
No
presente, a vegetação seca tem servido como verdadeiro napalm, fazendo
com que os incêndios florestais tradicionais de outono explodam em
conflagrações bíblicas que consomem casas, propriedades e pessoas.
A
confiança do público na ciência depende de sua consistência, de sua
transparência e de sua separação da política e da ideologia. Não pode
haver tendência de esquerda ou de direita, liberal ou conservadora, azul
ou vermelha, se o conhecimento científico é para ser levada a sério.
Infelizmente, durante a pandemia da Covid-19, ocorreu, às vezes, exatamente o oposto.
A
Organização Mundial de Saúde inicialmente jurou que o vírus não era
transmissível por humanos, não achava justificável a proibição de
viagens ou o uso de máscaras e que ele não era uma ameaça global
significativa.
Os
patronos chineses da organização deram à OMS uma linha partidária não
científica. E então seu diretor anunciou a propaganda com uma autoridade
científica superficial.
Os
especialistas americanos dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças
e outras agências federais de saúde foram inconsistentes quanto às
proibições de viagens, testes, máscaras, quarentenas e terapias médicas,
e intolerantes a pesquisas médicas dissidentes.
As
autoridades raramente conseguiram explicar ao público de maneira
consistente como o vírus se espalhou; por que as crianças – que eram
raramente acometidas – eram impedidas de frequentar a escola; e se as
quarentenas tinham como objetivo aplainar a curva de infecção,
eliminá-la por completo ou apenas aguardar a saída do vírus.
Os
idosos foram corretamente considerados os mais vulneráveis. Mas então,
inexplicavelmente, eles eram frequentemente expostos a pacientes
infectados recém-chegados em suas instalações de cuidados de longo
prazo.
Quando
milhões de pessoas saíram às ruas para protestar contra a morte de
George Floyd pelas mãos da polícia de Minneapolis, muitos profissionais
de saúde ignoraram as aglomerações em massa, supostamente perigosas, que
eles haviam insistido anteriormente como sendo as grandes ameaças à
saúde pública.
Mais
de 1.000 profissionais de saúde, simpáticos aos protestos, chegaram a
assinar uma carta aberta declarando que o ativismo social era, no
momento, mais importante do que o distanciamento social.
Quando
partidários do presidente Donald Trump compareceram a comícios ao ar
livre, muitos especialistas médicos subitamente consideraram essas
assembleias perigosas para a saúde pública.
Na realidade, ou ambas ou nenhuma das manifestações públicas são perigosas.
Durante
seis meses, os especialistas deram ao público americano diretrizes
contraditórias e transformadas em armas de ano eleitoral, sobre
máscaras, distanciamento social, quarentenas, fechamento de escolas e
políticas de local de trabalho.
Todas essas questões de saúde pública revelam os desastres que se seguem quando o bom senso é ignorado e a ideologia reina.
A maioria dos americanos sabe que apenas a polícia pode proteger os vulneráveis em tempos de caos social.
A
maioria das pessoas sente instintivamente que, quando vastas faixas de
árvores mortas não são removidas das florestas densas, elas acabarão
servindo como lenha para tempestades de fogo violentas.
E
quando a experiência científica oferece conselhos de saúde pública em
mudança constante, inconsistentes e às vezes absurdos, as pessoas
recorrem a seus próprios instintos e ao bom senso inato para proteger a
si mesmas e a seus meios de subsistência.
São os especialistas, não os cidadãos de bom senso, que têm falhado com a América.
Victor
Davis Hanson é um classicista e historiador da Hoover Institution da
Universidade de Stanford e autor de "As segundas guerras mundiais: como o
primeiro conflito global foi travado e vencido".
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário