O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro participou, por videoconferência, de um seminário na Câmara dos Deputados promovido pela Frente Parlamentar Mista Ética Contra a Corrupção. Reportagem de Kelli Kadanus para a Gazeta do Povo:
Ex-ministro
da Justiça e ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro defendeu nesta
quinta-feira (1.º) o fim do foro privilegiado e a prisão em segunda
instância. Moro participou de um seminário na Câmara dos Deputados
promovido pela Frente Parlamentar Mista Ética Contra a Corrupção. Para o
ex-ministro, falta vontade política para que essas pautas avancem. Ele
também cobrou que o governo do presidente Jair Bolsonaro retome a agenda
anticorrupção.
A
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do fim do foro privilegiado
está parada na Câmara desde 2018. A proposta foi aprovada por
unanimidade no Senado em 2017. Já PEC que permite a prisão de condenados
em segunda instância judicial tramita na Câmara desde o ano passado.
O
senador Alvaro Dias (Podemos-PR), que também participou do seminário,
criticou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por engavetar a
PEC do fim do foro. “O país não gosta de engavetadores”, disse. Segundo o
senador, Maia desrespeita o Senado, os deputados e a população ao não
colocar a PEC em votação.
"Precisamos
voltar a discutir este tema tema tão importante e que está há quase 700
dias na gaveta da Câmara, pronto para ser votado", disse a presidente
da frente, deputada Adriana Ventura (Novo-SP).
Moro: pandemia não pode ser desculpa para não votar o fim do foro privilegiado
“Esse
Congresso foi eleito em 2018 com uma expectativa muito forte da
população em relação a essa pauta ética e de combate à corrupção”,
lembrou Moro. Para o ex-juiz, não se pode usar a pandemia de coronavírus
como desculpa para não avançar em pautas anticorrupção. “É possível
tratar desses temas paralelamente. Basta a vontade política de promover
esse tipo de medida”, defendeu.
O
ex-juiz comentou a proposta discutida na Câmara de incluir, na PEC do
fim do foro privilegiado, a previsão para que medidas cautelares contra
políticos só possam ser autorizadas por tribunais superiores. “Se vamos
caminhar para eliminação do foro privilegiado, é melhor fazê-lo em toda a
sua extensão”, opinou.
Moro
também disse esperar que a pauta anticorrupção seja retomada pelo
governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), eleito com um
discurso de combate à corrupção. “Espero que o governo federal retome
essa agenda ética em um futuro próximo.”
Para
o ex-juiz, o combate à corrupção está em risco no Brasil. Para Moro,
apesar das operações recentes da Polícia Federal (PF) que realizam
prisões e buscas e apreensões contra políticos envolvidos em desvios de
recursos da saúde, a punição para esses casos não pode depender de
prisões preventivas decretadas durante as investigações. “Se você não
tem um processo que funciona no final, o que você tem é um ato
momentâneo sem consequências no final”, avaliou.
O
ex-ministro, que chegou a ser cotado para uma vaga no Supremo Tribunal
Federal (STF) antes de romper com Bolsonaro, também falou sobre a
importância da indicação do substituto do ministro Celso de Mello, que
se aposenta neste mês.
“É
muito importante essa vaga no STF”, disse Moro. Para o ex-juiz, é
essencial que o Senado exerça seu papel de filtro ao analisar a
indicação do presidente, observando o compromisso do indicado com o
combate à corrupção.
Cabe
ao Senado realizar a sabatina do indicado ao STF pelo presidente Jair
Bolsonaro e, em seguida, aprovar a nomeação do escolhido.
Nesta
semana, o presidente sinalizou que o escolhido para a vaga deixada por
Celso de Mello no STF deverá ser o desembargador Kassio Nunes Marques,
do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1).
O
magistrado é tido como um juiz garantista, ou seja, mais preocupado com
os direitos fundamentais dos réus. Dessa forma, Kassio Nunes Marques
reforçaria o time que hoje é formado pelos ministros Gilmar Mendes,
Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, e que tem imposto derrotas
sucessivas à força-tarefa da Lava Jato.
BLOG DO ORLANDO TAMBOSI
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