Tudo bem, se eles estão dizendo... Mas onde estão os exemplos concretos? Artigo de Andrew C. McCarthy, publicado pela National Review e traduzido para a Gazeta do Povo:
Trabalhei
no sistema de justiça criminal por um quarto de século. É administrado,
no dia-a-dia, pelo crème de la crème de graduados das melhores
faculdades de Direito da América. Essas instituições usam com orgulho
suas bona fides progressistas e as proclamam para todo o mundo ouvir.
Em
sua retórica improvisada – e até despreocupada, porque eles sabem que
seus aliados bien pensants na política e na mídia nunca vão cobrá-los
por algo mais elaborado –, as elites que trabalham com a lei lhe dirão
que a administração da justiça na América tem um racismo sistêmico.
Mas
eles são o sistema. Os juízes, os principais promotores, os advogados
de defesa, os especialistas que elaboram as diretrizes das sentenças e
os padrões de confinamento – são, em sua esmagadora maioria,
progressistas políticos.
Está
tudo bem, não se preocupe. Sou advogado em Nova York. Não só vivi neste
mundo por décadas, como tenho afeição por muitos de seus habitantes. A
maioria deles tem orgulho de estar à esquerda. Não concordo
politicamente com eles, mas a rotina de lidar com casos criminais não é
política. É clínico: profissionais fazendo o melhor que podem.
E esse é o ponto: eles fazem o melhor que podem. Essa é a antítese do racismo.
Esses
profissionais se esforçam para trazer justiça a cada um dos réus. A
experiência concreta de casos rotineiros no sistema judicial é uma certa
benevolência com os erros.
As
autoridades de execução, o advogado de defesa e o tribunal
frequentemente se viram do avesso para fazer com que os casos pareçam
mais suaves do que são, na dura realidade da conduta criminosa. Eles
fazem isso precisamente como forma de evitar as condenações ou reduzir o
tempo de prisão.
Eles
dirão a você que há racismo endêmico no sistema. Se pressionados sobre o
assunto, no entanto, eles não serão capazes de descrever para você
quaisquer coisas racistas que eles mesmos realmente fizeram, nem
quaisquer coisas racistas feitas por colegas.
Nem
os advogados sérios que representam as supostas vítimas de racismo
podem apontar para você as pilhas de moções que eles apresentaram
alegando que a polícia prendeu seus clientes criminosos por causa da cor
da pele. Os crimes, ao que parece, não são apenas apoiados por provas
abundantes; eles têm vítimas, que são desproporcionalmente negras e
latinas.
Os
advogados não conseguem apontar os casos em que eles mostraram que os
promotores acusaram seus clientes devido ao animus racial em vez de
evidências. Eles não podem citar casos em que clientes foram sabotados
pelo racismo de um juiz. Em um sistema que é amplamente racista, tais
casos seriam abundantes. Estranho que não seja assim.
Ainda
assim, as elites legais vão insistir que há sim um racismo sistêmico.
Ou deve haver, mesmo que ninguém possa colocar um dedo sobre onde
aconteceu, porque os resultados que o sistema produz não são "iguais" – a
igualdade é uma utopia na qual a composição racial dos presos,
condenados e sentenciados, se alinha perfeitamente com a proporção dessa
raça na população global, como se todos os grupos raciais e étnicos
cometessem crimes exatamente nas mesmas taxas.
Racismo "onipresente"
Tampouco
o problema está restrito ao sistema de justiça. O racismo "acontece nas
salas de nossas casas e em nossas salas de aula, nas mesas de nossos
refeitórios e em nossos vestiários, em nossas calçadas, dentro dos
escritórios onde trabalhamos e em nossa cidade". Assim sustenta a
presidente do Middlebury College, Laurie Patton. Entre os decanos do
ensino superior, Patton é a regra, não a exceção, ao espalhar este
evangelho pelo campus.
Com
clareza característica, Heather Mac Donald trouxe exemplo após exemplo
em um recente ensaio do City Journal. Não são apenas os administradores,
os batalhões de coordenadores da diversidade e os cientistas sociais.
Segundo os acadêmicos, o "racismo estrutural" até mesmo "permeia" a
matemática, a geologia, a astronomia, pode escolher a área que quiser –
ao ponto, observa Mac Donald, de a revista Nature afirmar que "a missão
da ciência deve ser 'amplificar as vozes marginalizadas' como uma
expiação para a cumplicidade da ciência no 'racismo sistêmico'".
Tudo bem, se eles estão dizendo... Mas onde estão os exemplos concretos?
Mac
Donald percebe que a auto-humilhação mecânica das instituições
acadêmicas está desvinculada da vida vivida. Ela faz as perguntas que
todos deveriam fazer. Quais são as especificidades da acusação: Quais
membros do corpo docente não tratam os alunos negros de forma justa? Se
esse tratamento injusto é tão óbvio, por que esses professores já não
foram removidos? Como é que estamos tolerando um processo de admissão
que aparentemente deixa entrar milhares de pessoas intolerantes com os
estudantes?
Claro,
independentemente do que eles possam dizer, os administradores da
faculdade não agem como se estivessem presos em uma distopia racista.
Como
observa Mac Donald, não há prova melhor disso do que esses mesmos
administradores: quando não se preocupam com o racismo sistêmico, eles
estão despejando palavras sobre a sensibilidade, realizações e
integridade de seus professores, alunos e ex-alunos.
Ou
seja: o "racismo institucional" se derreteria se fosse submetido ao
racionalismo iluminista, a pretensa razão de ser da universidade. Mas
isso é a cultura ocidental, e os líderes de hoje não se preocupam mais
com a cultura ocidental.
O
que é que eles fazem? Marxismo e vodu, principalmente. Quando você não
pode citar evidências concretas para as proposições cósmicas que
defende, só pode ser porque estamos cercados por uma "falsa consciência"
que nos impede de perceber como a brancura e a ocidentalização nos
corromperam.
Tudo
o que podemos dizer com certeza é o que a teoria do "impacto díspar"
nos conta: Não temos igualdade de resultados, então isso deve significar
que não temos igualdade de oportunidades, certo? Porque, você sabe,
cada um de nós é um Mozart, um Einstein, uma Jane Austen, um Bobby
Fischer, ou um LeBron apenas esperando para acontecer, e aconteceríamos
se houvesse igualdade nas oportunidades.
Certo.
O valor da sociedade ocidental
Sendo
uma sociedade humana, a nossa é inevitavelmente uma sociedade
imperfeita. É uma grande sociedade, no entanto, devido à sua capacidade
de melhoria contínua. A América liberta os indivíduos para atingir seus
objetivos, mas ensina-lhes que, individual e coletivamente, todos
cometemos erros.
Precisamos
verificar nossas premissas porque até os melhores entre nós estão, de
tempos em tempos, errados sobre coisas fundamentais. Nós nos esforçamos
por uma união mais perfeita não apenas aprendendo com erros passados,
mas lembrando que somos tão humanos, tão propensos ao erro, quanto os
antepassados que presumimos julgar.
É
pedir demais aos negros americanos que concedam a redenção a uma
sociedade que permaneceu baseada na escravidão de uma raça por mais de
200 anos, e então – mesmo depois de eliminá-la em uma sangrenta guerra
civil – tolerou o racismo de jure por mais um século, e racismo de fato
mesmo depois que o período das leis Jim Crow terminou.
O
último meio século tem sido marcado por esforços cada vez mais
determinados – muitos deles mais bem-intencionados do que benéficos –
para acabar com os vestígios do racismo. No entanto, à luz de nossa
história, é natural que os negros desconfiem do racismo na aplicação da
lei e em nossas instituições.
No
entanto, precisamos de aplicação da lei e instituições fortes se todos,
incluindo os negros americanos, quiserem aproveitar as oportunidades de
prosperidade em um país livre. O imperativo é melhorar os pilares da
nossa sociedade. Condená-los, cortar-lhe o financiamento e bani-los não
seria “Mudar”! Seria suicídio.
O
melhor que podemos fazer é o que estamos tentando fazer: operar nosso
sistema de justiça, nossas instituições de ensino, nosso governo,
empresas e sociedade de uma maneira suficientemente sensível ao racismo,
onde exemplos concretos desse racismo sejam poucos e distantes entre
si.
A
ideologia predominante nunca cita exemplos do mundo real. Seus
discípulos nos fariam acreditar que nossa sociedade e suas instituições –
a própria sociedade e instituições que promoveram nossas elites a suas
alturas elevadas – são irredimíveis. Eles existem para a igualdade
perfeita, na qual permanecem perfeitos e todos os outros são igualmente
miseráveis.
Andrew
C. McCarthy é pesquisador sênior do National Review Institute, editor
contribuinte do NR e autor de “Ball of Collusion: The Plot to Rig an
Election and Destroy a Presidency”.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

Nenhum comentário:
Postar um comentário