O radicalismo das extremas esquerdas acaba sempre mal. Desta vez, foi
com a vandalização da estátua do Padre António Vieira. Quantas centenas
de votos o Chega ganhou com aquela estupidez? João Marques de Almeida,
via Observador:
Os protestos em Portugal não são sobre o racismo. A discriminação
racial é apenas um pretexto para os verdadeiros objectivos das esquerdas
radicais: querem derrubar a democracia pluralista, a economia de
mercado e enfraquecer as instituições tradicionais. Sempre quiseram e
nunca mudarão. São movimentos anti-democráticos que sempre defenderam
regimes totalitários. São a versão fascista da esquerda.
Aliás, não admira que sejam contra a democracia. Quantas vezes viram
um partido das esquerdas radicais vencer eleições? Durante todo o século
XX e as primeiras décadas deste século, aconteceu duas vezes: na
Venezuela com Chavez e na Grécia com o Syriza. No caso de Chavez, notem a
miséria que provocou na Venezuela. Até o Bloco já tem vergonha de
defender Maduro em público. Na Grécia, o Syriza acabou a fazer políticas
socias democratas e a aceitar programas de austeridade piores do que os
aplicados em Portugal.
No resto, desde a União Soviética e a Europa até à China e à Ásia,
chegaram ao poder através de revoluções (na Rússia e na China) ou de
conquistas militares (Europa de Leste, Coreia do Norte e Vietnam). Em
Portugal, o Bloco e o PCP juntos não passam dos 20% dos votos, quando
alcançam os seus melhores resultados. A verdade é que a maioria dos
portugueses recusa-se a votar no PCP e no Bloco. E nem a pior crise
financeira das últimas décadas, em 2011, mudou a desconfiança em relação
aos comunistas e aos neo-comunistas.
A extrema esquerda usa as ruas para tentar alcançar a influência e o
poder que não conquistam através de eleições. A política de protestos é
uma manifestação de fraqueza democrática e de raiva contra a maioria do
eleitorado. Tal como os seus avôs Bolcheviques, as esquerdas radicais
consideram que a aliança entre a democracia e o capitalismo os impede de
chegar ao poder e, no fundo, continuam a pensar que a maioria dos
portugueses vive alienada e manipulada. Ou seja, não reconhecem
legitimidade ao regime democrático e defendem a revolução violenta. Não o
dizem, mas é assim que pensam. Obviamente uma causa nobre, como a luta
contra o racismo, esconde as suas verdadeiras motivações. Permite que os
lobos revolucionários apareçam nas televisões como os cordeiros da
igualdade e do progresso.
Mas o radicalismo das extremas esquerdas acaba sempre mal. Desta vez,
foi com a vandalização da estátua do Padre António Vieira. Mostraram a
sua verdadeira face a todos os portugueses. Quantas centenas de votos o
Chega ganhou com aquela estupidez?
Os partidos das esquerdas radicais, aparentemente, estão preocupados
com a discriminação racial e com a falta de oportunidades das populações
negras. Sendo assim como se explica que o PCP e o Bloco nunca tenham
tido líderes ou outras figuras relevantes negras? Não há operários
negros em Portugal? Não há activistas anti-racistas negros em Portugal?
Por que razão não têm igualdade de oportunidades no PCP e no Bloco? A
verdade é que há um problema grave de discriminação racial em Portugal,
como de resto em toda a Europa. Não há líderes políticos, não há líderes
sindicais, não há CEOs, não há generais negros em Portugal. Mas nisso, o
PCP e o Bloco não são diferentes de todas as outras instituições da
sociedade portuguesa.
Obviamente, os negros em Portugal deveriam ter mais e melhores
oportunidades. Mas para que isso acontecesse, seria necessário reformas
que a maioria de esquerda não está disposta a fazer. Como podem as
minorias ter mais oportunidades se o a tendência do governo é reduzir as
oportunidades e a liberdade dos portuguese em geral?
Há sempre uma ironia imensa quando vemos partidos que nunca tiveram
líderes negros, como o PCP e o Bloco, que apoiaram regimes comunistas
profundamente racistas, como a União Soviética e a China, a atacarem o
racismo de um país que elegeu duas vezes um Presidente negro, os Estados
Unidos. A hipocrisia da extrema esquerda consegue estar ao nível do seu
radicalismo. Não é fácil.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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