Artigo de J. R. Guzzo, publicado na Gazeta,
com o qual concordo plenamente. Cultura que precisa de ministério não
merece o nome. Cultura sem oficialismo, sem nacionalidades - é isso que
sempre aconteceu no verdadeiro mundo cultural. É bom lembrar, aliás, que
quem falava em "cultura nacional" era o baixinho Gramsci, muito popular
por aqui:
Consumou-se, enfim, a demissão da atriz Regina Duarte do cargo que
ocupava como ministra da Cultura, ou “secretária”, como se diz para
disfarçar a existência de um Ministério que tem toda despesa e toda a
malignidade de um Ministério, mas que oficialmente não existe. Regina
não exerce as suas funções desde o último dia 20, mas só foi exonerada
agora, vinte dias depois – o que serve para dar uma ideia da importância
e do respeito que o cargo merece.
Se não fosse pelo fato de que é o cidadão brasileira quem paga essa
conta, seria o caso e dizer para a atriz e para o presidente Jair
Bolsonaro, que a nomeou: “Bem feito”. É só mesmo num final melancólico
como esse que poderia acabar mais uma tentativa de “resolver” o problema
do “Ministério da Cultura”.
A única solução possível para a Secretaria da Cultura, uma aberração
inventada pelo ex-presidente José Sarney e subordinada hoje – acredite
se quiser – ao Ministério do Turismo, é a sua extinção. Quer dizer:
extinção mesmo, e não essa palhaçada de extinguir no papel e deixar viva
na vida real, com outro nome.
Bolsonaro disse que ia fazer isso. Não fez. Como em outras
tentativas, alegou que “não é possível”. O resultado, entre outros
desastres, é que já teve quatro secretários de Cultura diferentes em um
ano e meio de governo; está indo, agora, para o quinto nome. Como alguém
pode levar a sério um negócio desses?
A ideia de querer “governar” a cultura de um país ou melhorar o seu
nível cultural através de atos administrativos não apenas é uma
estupidez – é uma safadeza. Só serve, na prática, para encher a folha de
pagamento do governo com empregos inúteis e distribuir dinheiro público
para artistas amigos.
O verdadeiro patrimônio cultural da União, composto por museus,
bibliotecas, teatros, monumentos históricos e assim por diante, jamais
se beneficiou em nada com esse Ministério – continuou abandonado e sem
recursos como sempre. Bolsonaro pode nomear mais quatro secretários para
a “cultura”, ou quarenta. Não vai mudar nada.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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