
Charge do Lézio Júnior (Diário da Região)
Entre pesadelos paranoicos, nos quais se debate em meio a teorias conspiratórias para tirá-lo do poder, o presidente Jair Bolsonaro tem alguns momentos de paz, quando sonha que será reeleito. Mas logo sempre volta a ter pesadelos, porque o ministro Sérgio Moro surge para disputar a eleição presidencial, com grande chance de vitória. Por isso, a campanha publicitária do pacote anticrime é mais uma iniciativa de Bolsonaro para manter Moro sob vara curta, envolvido na grande aposta no enfrentamento à corrupção, ao crime organizado e à violência.
Na sua ingenuidade, o ministro Moro entrou na onda do Twitter e escreveu: “Precisamos mandar uma mensagem clara à sociedade. O crime não compensa e não seremos mais um paraíso para a prática de crimes ou para criminoso”.
CAIR NA REAL – Quando o projeto anticrime enfim for a julgamento, Moro vai cair na real, como se diz hoje em dia, porque Bolsonaro não moverá uma palha no Congresso para aprovar o pacote. Sua única iniciativa já está feita, que é a campanha publicitária.
Os parlamentares vão aprovar os dispositivos que atingem os crimes mais pesados, porém farão cara de paisagem no que toca a corrupção e lavagem de dinheiro, que são os itens que realmente lhes interessa.
Com a desfaçatez que caracteriza os políticos profissionais, Bolsonaro então dirá que fez o que lhe foi possível, mas os congressistas são livres para legislar, essa função é deles etc. e tal. E assim Moro terá de engolir a “explicação”, para tocar a vida adiante. Porém, a relação entre os dois nunca mais será a mesma.
PLANO A – Pode ser que mais à frente até surja um Plano B, mas por enquanto o objetivo expresso de Bolsonaro é afastar Moro da política, para atapetar seu caminho rumo à reeleição. Como diz o engenheiro José Nono de Oliveira Borges, atento observador da política nacional, a melhor maneira de tirar Moro do sucessão presidencial será nomeá-lo para o Supremo, na vaga de Celso de Mello, que cai na chamada expulsória em novembro de 2020, quando completa 75 anos e está obrigado a se aposentar.
Bolsonaro ficará bem junto à opinião pública, que anseia pela moralização o Supremo, mas na verdade Moro será apenas um voto em meio a onze, embora não haja dúvida de que fará alguma diferença.
Quanto à próxima eleição presidencial aqui na filial Brazil, é certo que Bolsonaro será um forte candidato. Mas tudo vai depender daquela exclamação de James Carville, advogado e analista politico do Partido Democrata lá na matriz USA: ´”É a economia, estúpido!”.
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