Para a nova religião do aquecimento global, os modernos hereges são
todos aqueles que ousam questionar se os fatos científicos suportam ou
não o iminente cataclismo, anunciado diariamente pelas manchetes dos
jornais, que por sua vez ecoam os ‘press releases’ de grupos
ambientalistas. Artigo de João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal:
Eu não pretendia voltar a esse assunto, mas o bombardeio midiático do outro lado não me deixa. Então, segura que lá vem textão.
Em editorial, no último dia 30/09, o jornal O Globo se junta ao
ativismo climático global para questionar a inação de governos mundo
afora, principalmente o Governo Bolsonaro, em relação à anunciada
catástrofe climática. Diz o texto:
“São inúmeras as evidências científicas de um grave desequilíbrio
ambiental. Elas podem ser corroboradas por uma miríade de imagens
colhidas por todo o planeta, incluindo o Brasil, sobre os efeitos
devastadores de secas prolongadas, temperaturas recordes, incêndios e
chuvas torrenciais. (…)
Se os retratos das catástrofes cotidianas evocam o fim de um ciclo da
industrialização, as cenas de protestos contra a inércia na proteção
ambiental, cada vez mais frequentes em todo o planeta, confirmam a
emergência de uma novidade na política global: o ativismo climático.”
Como demonstra uma farta documentação científica, a premissa dos
editores é falsa. As ocorrências climáticas severas não estão aumentando
e muito menos os prejuízos, tanto materiais quanto vitais. Ao
contrário, ao longo do tempo, esses prejuízos têm caído de forma
bastante consistente.
O editorial do Globo incorre num erro bastante comum ultimamente:
transformar as imagens, cada vez mais abundantes, graças ao avanço da
tecnologia, da informação e das comunicações, em provas definitivas de
que tudo isso é novidade e nada do que se vê hoje na TV e na internet
ocorria no passado. Felizmente, não é isso que as estatísticas ao longo
do tempo demonstram.
Ao contrário do que propagam os apóstolos do fim do mundo, a Terra
nunca esteve tão segura para os seres humanos como atualmente. E não por
causa da bondade da deusa Gaia, mas porque o gênio humano conseguiu,
através do tempo, desenvolver recursos materiais e tecnológicos capazes
de minimizar os efeitos das intempéries climáticas, com as quais
convivemos desde priscas eras.
A menina Greta, por exemplo, reclamou recentemente na ONU que a
humanidade está roubando seu futuro. Num discurso dramático, previu um
cataclismo climático, se nada for feito. Seu discurso, no entanto,
contradiz a realidade dos fatos.
A expectativa de vida do ser humano hoje é 2,5 vezes superior ao que
era antes do advento da Revolução Industrial. Não seria exagero dizer
que, atualmente, há uma certa abundância de alimentos, remédios e
inúmeras outras facilidades derivadas, principalmente, do
desenvolvimento tecnológico acelerado havido nos últimos dois séculos.
Há 250 anos, nem mesmo o mais visionário dos ficcionistas poderia
conceber que tantos homens estariam convivendo no mundo, em relativa
harmonia e muito mais conforto do que era possível imaginar naquele
tempo.
Apesar dessas evidências, há pessoas que insistem em maldizer o
progresso humano. Essa gente que vê na agricultura intensiva e
mecanizada – atividade sem a qual, muito provavelmente, seria
praticamente impossível alimentar um contingente tão numeroso – apenas
uma ameaça ao meio ambiente. Na sua visão doentia e deturpada da
realidade, os automóveis, os aviões e os tratores estão destruindo a
atmosfera e as indústrias irão transformar o planeta num enorme e
estéril deserto. Paranoicos crônicos, eles enxergam cada nova descoberta
tecnológica como uma ameaça macabra.
A última vez em que o ser humano foi amarrado a esta camisa de força
mental foi durante a Inquisição, uma era de ignorância, superstição,
repressão e caos social.
Para a nova religião do aquecimento global, os modernos hereges são
todos aqueles que ousam questionar se os fatos científicos suportam ou
não o iminente cataclismo, anunciado diariamente pelas manchetes dos
jornais, que por sua vez ecoam os ‘press releases’ de grupos
ambientalistas. De fato, não há melhor exemplo para a prática da
“verdade globalmente aceitável” do que a escatologia das mudanças
climáticas.
Resistindo a esse furioso ataque, há um pequeno e dedicado grupo de
cientistas, líderes políticos e economistas atrás da verdade e de
soluções economicamente viáveis para lidar com o problema. É o caso do
sueco Bjorn Lomborg. Em artigo recente, ele tratou de desmistificar um
pouco as soluções estapafúrdias e economicamente absurdas de quem está
por trás, por exemplo, dos discursos de Greta Thumberg:
“Globalmente, o Acordo Climático de Paris de 2015 é o acordo
internacional mais caro da história, porque visa afastar economias
inteiras de combustíveis fósseis, mesmo que fontes alternativas de
energia, como solar e eólica, continuem não competitivas em muitos
contextos. Como resultado, o acordo diminuirá o crescimento econômico,
aumentará a pobreza e exacerbará a desigualdade.
Um novo estudo sugere que o custo maciço da redução de emissões sob o
acordo de Paris levará a um aumento da pobreza em torno de 4%. E os
autores emitem um aviso severo de que “planos rigorosos de mitigação
podem desacelerar a redução da pobreza nos países em desenvolvimento”.
As campanhas de polarização sobre as mudanças climáticas criaram uma
visão absurdamente distorcida do futuro, levando os formuladores de
políticas a tomar más decisões. Em seu relatório principal mais recente,
o IPCC estimou que, se o mundo não fizer absolutamente nada para
impedir a mudança climática, o impacto provavelmente será equivalente a
uma redução de 0,2 a 2 % na renda média na década de 2070. Até lá,
entretanto, a renda provavelmente terá aumentado em cerca de 300-500%.
Além disso, políticas que reduzem a pobreza são o melhor antídoto
contra as intempéries climáticas. A história mostrou conclusivamente que
tornar as pessoas mais ricas e menos vulneráveis é uma das melhores
maneiras de fortalecer a resiliência das sociedades à ameaças
climáticas.
Portanto, a primeira prioridade deveria ser a promoção do
desenvolvimento, para que as pessoas não vivam mais sob os telhados e
paredes frágeis, na extrema pobreza. Isso não apenas melhorará a
qualidade de vida das pessoas; também reduzirá drasticamente o custo
humano de futuros furacões e outras ameaças climáticas.
Frear o progresso humano, principalmente nas sociedades mais
carentes, na esperança de reduzir em alguns décimos a temperatura nos
próximos 100 anos, é a receita certa para a catástrofe.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

Nenhum comentário:
Postar um comentário