MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Como diz o ministro Teori Zavascki, “o pior ainda está para vir”


http://www.blogdafloresta.com.br/folhafl/wp-content/uploads/2015/08/CHARGE-OPERACAO-LAVA-JATO-500x331.jpg
Charge do Que Mário?, reprodução do UOL
Carlos Newton
O ministro-relator da Operação Lava Jato no Supremo, quando fez a sinistra previsão de que “o pior ainda está para vir”, sabia exatamente o que estava falando. Os fatos estão comprovando este prognóstico de Teori Zavascki, agora acrescido de uma importante informação do procurador Carlos Fernando Lima, um dos líderes da força-tarefa: “Temos serviço para cinco anos, pelo menos”.
O fato é que os brasileiros têm de tirar o chapéu para esses jovens integrantes da Procuradoria da República e da Polícia Federal, que se uniram a um juiz destemido e estão passando o país literalmente a limpo, a partir de uma corriqueira investigação envolvendo lavagem de dinheiro num posto de gasolina de Brasília, de onde se originou a denominação Lava Jato.
Em julho de 2013, na sede regional da Polícia Federal em Curitiba, onde trabalham os agentes que deram início à Operação Lava Jato, o delegado Marcio Adriano Anselmo e dois agentes investigavam as atividades de três especialistas em lavagem de dinheiro que atuavam em Brasília e São Paulo, e entre eles estava o doleiro Carlos Habib Chater, que operava para um deputado federal de Londrina, José Janene (PP-PR), morto em 2010.
A lavagem de dinheiro era coisa de família, Chater atuava em Brasília junto com o pai e era parceiro do doleiro paulista Raúl Henrique Srour. Condenado em 2005 na Operação Banestado, ele cumprira pena e voltara à ativa. Foi assim que a Lava jato começou.
YOUSSEF REAPARECIA…
Por coincidência, a Operação Banestado foi o primeiro caso financeiro importante julgado pelo jovem juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba. E quando o magistrado autorizou escutas telefônicas à equipe do delegado Anselmo, os agentes conseguiram constatar que Chater trocava muitas mensagens via smartphone com o doleiro Alberto Youssef, que também fora apanhado na Banestado, fizera delação premiada em 2004 e já cumprira a pena.
Até então, os federais não tinham a menor suspeita de que chegariam à Petrobras. Mas em janeiro de 2014 a equipe descobriu que Youssef acabara de comprar um carro de luxo (300 mil reais) em nome de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal. Os federais já sabiam que em 2004 o deputado Janene havia sido o principal responsável pela nomeação de Costa à Diretoria de Abastecimento. O carro era o pagamento por supostos “serviços de consultoria”. E encontraram grande número de notas fiscais atribuídas a esses “serviços de consultoria”.
Poucas semanas depois, o delegado e os dois agente enfim identificaram uma gigantesca máquina de lavagem de dinheiro, que usava mais de cem empresas de fachada e centenas de contas bancárias na tarefa de remeter milhões de dólares para a China e Hong Kong, simulando importações e exportações.
DOIS ANOS DEPOIS…
O delegado Márcio Anselmo e os dois agentes continuam na Lava Jato, que se tornou uma das maiores investigações policiais do mundo, já com ramificações nas áreas de energia e ferrovia, além de estar devassando até campanhas eleitorais, com a prisão do marqueteiro de Lula e Dilma.
A esse extraordinário esforço da Polícia Federal e do Ministério Público, o governo respondeu com corte de verbas. Mesmo assim, as investigações prosseguem. Apesar de o Ministério da Justiça ter assegurado que o corte não atingiria as operações em curso, até a conta de luz da Superintendência de Curitiba estava atrasada. Em janeiro, o juiz Sergio Moro teve de usar parte dos recursos já arrecadados com as condenações da Lava-Jato para repassar à PF e quitar a conta.
Essa surpreendente atuação da força-tarefa demonstra que este país tem motivos para manter esperanças e seguir adiante. Sabe-se que, em matéria de combate à corrupção, o pior ainda está para vir, mas desta vez será no bom sentido, em benefício dos interesses nacionais, que andavam tão desprezados pela classe política, pelas elites empresariais e até pelos representantes dos trabalhadores, tudo farinha do mesmo saco, como se dizia antigamente. O único problema é que os tribunais superiores (STJ e STF) estão conduzindo os processos da Lava Jato muito lentamente,  e isso não pode continuar.
De toda forma, vamos em frente e viva o povo brasileiro, como dizia o genial João Ubaldo Ribeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário