São Paulo, 17 de fevereiro de 2025 -
Em pesquisa inédita realizada pela Pipo Saúde com a participação de
9.691 colaboradores - no período de janeiro a dezembro de 2024 - , os
indicadores relacionados à saúde mental tiveram uma ligeira melhora de
um ano para o outro (2023 para 2024), mas ainda estão em um patamar
muito elevado.
43,67% dos respondentes, ou seja, 4.338 colaboradores apresentaram
risco de saúde mental, sendo que ⅓ desses têm intensidade alta ou
moderada. No ano passado, na pesquisa realizada com 8.980 colaboradores,
esse número era de 48%, com a mesma proporção de casos moderados e
graves.
A pesquisa foi realizada com funcionários de empresas de grande porte,
com perfis diferenciados, de segmentos como tecnologia, varejo e bens de
consumo.
De
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022,
aproximadamente 1 bilhão de pessoas apresentavam algum transtorno
mental. Os problemas de saúde mental têm um impacto direto no trabalho. A
depressão e a ansiedade, sozinhas, resultam na perda de aproximadamente
12 bilhões de dias de trabalho a cada ano (OMS).
O Brasil registrou mais de 400 mil casos de afastamento do trabalho por
transtornos mentais em 2024, segundo dados do Ministério da Previdência
Social. Entre as doenças que mais geraram concessões de benefícios por
incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) estão os transtornos
ansiosos e os episódios depressivos, que juntos somaram mais de 255 mil
afastamentos. Em 2023 foram concedidos 288.865 benefícios por
incapacidade devido a transtornos mentais e comportamentais no Brasil.
Os transtornos de ansiedade e episódios depressivos, subiram 67% em
comparação ao ano anterior.
“O
alto número de afastamentos pelo INSS é um alerta sério para toda a
sociedade. Essa questão vai muito além dos indivíduos afetados. Trata-se
do reflexo de um ambiente de trabalho cada vez mais exigente, de um
mundo acelerado e de um sistema que ainda não dá à saúde mental a devida
prioridade. Além de um sério problema de saúde pública, afeta
diretamente o mercado e a economia”, comenta Manoela Mitchell, CEO e
cofundadora da Pipo Saúde.
Diante
desse cenário - com 60% da população mundial trabalhando - entra em
vigor em maio, a NR1, norma que exigirá que as empresas incluam a
avaliação dos riscos psicossociais no trabalho em seus processos de
Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Isso significa que as
empresas agora serão obrigadas a identificar e gerenciar esses riscos,
que incluem fatores como sobrecarga de trabalho, assédio moral, pressão
por metas excessivas e falta de suporte.
“As
empresas terão que lidar com esses riscos e, de fato, promover
mudanças. Não poderão ficar apenas nos discursos e mensagens de que nós
nos importamos e cuidamos dos nossos colaboradores, se os índices
mostrarem um número alto de afastamentos ou casos de burnout”, comenta Marcela Ziliotto, Head de RH da Pipo Saúde.
Outro
fator que chama atenção é que são os mais jovens - colaboradores entre
19 e 29 anos - os mais vulneráveis: 51.2% dos respondentes apresentaram
risco de saúde mental.
“Precisamos parar de rotular os jovens, comparar a relação do trabalho
entre gerações, e olhar com intencionalidade para quem está começando no
mercado de trabalho e traz consigo diferentes cobranças e desafios”,
comenta Marcela.
Em
2019 a OMS - Organização Mundial da Saúde oficializou a síndrome do
burnout como uma doença que resulta das relações de trabalho e em 2022,
reconheceu como uma doença ocupacional, ou seja, que decorre de
condições ou fatores especiais do trabalho desenvolvido pelo paciente.
“As
empresas precisam reconhecer que o bem-estar mental é um fator
determinante para a qualidade do clima organizacional e a produtividade.
Ignorar essa realidade é um erro que pode comprometer o desempenho e a
sustentabilidade do negócio”, complementa Manoela.
Entendendo mais sobre a NR1
No
mês de agosto de 2024, a NR-1 foi alterada e, o capítulo 1.5, que trata
do gerenciamento de riscos ocupacionais, foi reformulado, e como parte
destas alterações, passou a registrar especificamente que o
gerenciamento de riscos ocupacionais deve abranger fatores de risco
psicossociais relacionados ao trabalho. A vigência começa a partir de
26/5/25.
Fatores de risco psicossociais:
- Metas excessivas: Pressão constante por resultados sem considerar as limitações da equipe.
- Jornadas de trabalho extenuantes: Horários inflexíveis ou excessivos que causam esgotamento.
- Falta de suporte emocional ou profissional: Ausência de acompanhamento.
- Assédio moral e conflitos interpessoais: Relações tóxicas entre colegas ou líderes.
- Falta de autonomia: Quando o trabalhador sente que não tem controle sobre suas tarefas ou seu tempo.
A
partir de 26/8/25, os empregadores deverão identificar os riscos
ocupacionais relacionados a fatores denominados como psicossociais e,
partir dessa identificação:
- evitar, minimizar ou eliminar os fatores de riscos ocupacionais;
- avaliar e indicar o nível dos riscos ocupacionais;
- classificar riscos ocupacionais para determinar a necessidade de adoção de medidas preventivas;
- implementar,
efetivamente, medidas de prevenção aos fatores de risco, de acordo com a
classificação de risco e na ordem de prioridade;
- acompanhar o controle dos riscos ocupacionais.
O
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) realizará uma fiscalização
planejada e vai focar em setores com alta incidência de doenças mentais,
como teleatendimento, bancos e estabelecimentos de saúde. Os auditores
verificarão a organização do trabalho e os dados sobre afastamentos
relacionados à saúde mental.
A
NR-1 sugere que as empresas promovam treinamentos básicos em PSP -
Primeiros Socorros Psicológicos - para que todos os colaboradores possam
oferecer apoio imediato a colegas em dificuldades emocionais.
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