Enquanto a Rússia avança sobre território da Ucrânia, as sanções econômicas aceleram sobre o país e o setor automotivo é um dos alvos prioritários para se contrapor à invasão.
Nesse caso, com exportações e importações bloqueadas, o setor automotivo recebe do governo de Moscou três previsões sobre o futuro, todas sombrias, é claro, incluindo até falências e dependência absoluta da China.
Andrey Belousov, vice-primeiro-ministro da Rússia, descreveu três cenários para a indústria automobilística russa, cuja produção caiu para 45% do volume normal.
Num primeiro plano, ele indicou que o setor poderia continuar como está, produzindo e mantendo empregos.
Bem, na dependência de importação de componentes eletrônicos e outras peças, as fábricas russas não têm como sustentar as atividades por muito tempo.
Por isso, este cenário está descartado. O segundo apontado por Belousov é que os acionistas estrangeiros transfeririam suas partes para parceiros russos e poderiam retornar no futuro.
Novamente, a questão sobre o fornecimento de peças e componentes aparece e não salva as fábricas russas de parar suas atividades.
Para os russos, isso poderia significar o retorno da AvtoVAZ ao controle local, por exemplo.
Não há indicação no exterior de que as ações serão transferidas, uma vez que a Rússia bloqueou a saída de moeda estrangeira, impossibilitando a venda de suas ações.
Mesmo que quisessem, existe um embargo para transações financeiras com a Rússia. Então, mais um cenário descartado.
Por fim, Belousov entrega os pontos num terceiro cenário, com a falência deliberada das operações na Rússia, com a saída dos fabricantes, fechamento das fábricas e demissão dos funcionários.
Isso pode realmente acontecer, o que levaria as plantas fechadas a serem nacionalizadas e sua produção retomada, mas após muito tempo.
Todavia, em qualquer dos cenários, a indústria russa, como um todo inclusive, terá de voltar-se completamente para a China e/ou Índia, para importar componentes e peças.
Mesmo assim, montadoras localizadas nos países que ainda podem manter negócios na Rússia, podem bloquear seus fornecedores de peças, impedindo assim que as remessas sejam enviadas.
Ainda que não haja indicação alguma, outra possibilidade neste cenário é que sócias de montadoras estrangeiras na China sejam pressionadas pelos parceiros a evitar a exportação de produtos feitos em conjunto ou de tecnologias compartilhadas.
Num quarto cenário, vislumbrado por nós, as fábricas russas atuais darão espaço para novas plantas de fabricantes chineses, assim como fez a Great Wall no país, construindo uma unidade própria.
Certo mesmo é que, nos próximos meses, o mercado de carros novos na Rússia ficará estagnado e os preços dos carros usados alcançarão níveis muito acima dos vistos na Venezuela.
A importação chinesa deverá ser fundamental para o mercado não parar completamente, o que não ajuda na manutenção dos postos de trabalho.
Assim, o nível de desemprego no setor será elevadíssimo antes de uma mudança completa para fabricantes sino-indianos.
[Fonte: Kolesa]
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