BLOG ORLANDO TAMBOSI
No ano 2000 a Rússia fez uma revisão drástica da sua doutrina militar no tocante às armas nucleares. Estas deixaram de ter um papel meramente dissuasivo, passando a estar prevista a sua utilização. Nuno Maria Côrte-Real para o Observador:
A Terceira Guerra Mundial de facto já começou, embora se prefira chamar-lhe por enquanto Guerra da Ucrânia.
Aquilo
que ocorre é na realidade um grande conflito militar entre a Rússia e a
NATO, limitado até agora ao território da Ucrânia. São os ucranianos
quem combate as tropas russas, mas fazem-no com expresso apoio político
da NATO e o auxílio prático de países membros da Aliança, que dão apoio
logístico, informações militares, material de guerra e facilitam até o
recrutamento e trânsito de combatentes voluntários vindos do exterior.
A
questão principal que neste momento se coloca é a contenção do
conflito. A NATO tenta evitar que a guerra transborde das fronteiras da
Ucrânia para os países da Aliança vizinhos. E procura também impedir a
escalada armamentista, sobretudo o emprego de armas de destruição
maciça.
O
presidente Biden já advertiu a Rússia de que não admitirá o uso de
armas químicas, que julga aliás iminente. E Vladimir Putin insiste no
recurso a meios nucleares perante aquilo que considere um ataque ou
ameaça séria à segurança do seu país ou das suas tropas.
Convém
lembrar que no ano 2000 a Rússia fez uma revisão drástica da sua
doutrina militar no tocante às armas nucleares. Estas deixaram de ter um
papel meramente estratégico e dissuasivo (ou seja, de não-uso),
passando a estar prevista a sua utilização táctica e operacional no
âmbito de uma denominada ‘des-escalada’, ou seja, da contenção de forças
inimigas superiores num quadro de guerra convencional.
Eu
não quero parecer catastrofista nem, muito menos, ser alarmista. Mas a
Terceira Guerra Mundial de facto já começou e há uma real probabilidade
de não se confinar eternamente ao território da Ucrânia. E também de
escalar de súbito para um conflito não-convencional, isto é, envolvendo
meios de destruição maciça, inclusive armas nucleares táticas.
Perante isto precisamos neste momento de muito juízo e de igual firmeza. E de alguma sorte também.
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