Merval Pereira
O Globo
O deputado Rodrigo Maia é um típico exemplo de político que nunca foi popular, nunca teve grande votação – tem sido eleito com pouca folga – mas ao contrário dos políticos populares, é um grande articulador de bastidores.
Mostrou isso claramente na Câmara, onde foi eleito presidente várias vezes e tinha controle absoluto sobre o plenário. Mas perdeu a mão no final.
FICOU SEM RUMO – Quando o STF impediu que se candidatasse mais uma vez à presidência, demorou a escolher o sucessor, quis impor uma escolha pessoal, como se pudesse ainda controlar as bancadas. Isso fez com que saísse do DEM, onde perdeu a liderança dentro do partido e brigou com ACM, seu amigo há muitos anos. Hoje, está sem rumo, não tem importância de voto que faça com que as legendas o procurem.
Tem boa representatividade na sociedade civil e nos empresários, não sei até que ponto isso é interessante para Lula. Acho que pode acabar ajudando nessa questão, mas tenho dúvidas de que desempenhe papel importante na campanha e mais ainda num futuro governo Lula. Não vejo muita chance de Maia aparecer num esquema do PT, que é muito fechado.
OPÇÃO ERRADA – Se partir para apoiar Lula, vai ter uma redução de prestígio. Teria mais força dentro de um governo Doria, ou poderia também apoiar o Mandetta, se este sair do DEM.
Talvez a polarização entre Lula e Bolsonaro ajude o surgimento de uma terceira via, pois quem não tem opção, vai ter que criar uma; não só os eleitores, mas também os políticos, e então poderia se criar consenso em torno de um nome alternativo que tenha condições vencer os dois.
ESTÁ DIFÍCIL – Pode ser uma chance de união de grupos de centro, centro-direita e centro-esquerda em torno de um nome. Vejo Mandetta muito forte nesta condição de terceira via capaz de unir.
Ciro Gomes não une tanto, sua história política é muita confusa. Já esteve no PSDB, na ARENA, agora está na esquerda, já esteve junto com Lula e agora são adversários. Uma figura como Mandetta pode ter condições de unir políticos e eleitores.
Mas será difícil para ele dentro do DEM, que aparentemente está se aproximando de Bolsonaro.
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