Não é uma tese conspiratória imaginar que há, sim, esquema nas pesquisas. Essa é uma possibilidade plausível. Rodrigo Constantino para a Oeste:
“O
Ibope, o Montenegro vende até a mãe pra ganhar dinheiro, isso aí eu
conheço de longa data, vende [pesquisa] e vende mesmo.” A fala não é de
hoje, é do então deputado federal Ciro Gomes numa entrevista. A
desconfiança que paira sobre os institutos de pesquisa no Brasil vem de
longa data, e não é para menos: eles “erram” de forma grosseira e
sistemática a cada eleição.
Mas
quero oferecer uma hipótese alternativa aqui, em que pese a boa e
imortal dica dos livros de detetive: siga o dinheiro. Nem sempre a causa
de um desvio é monetária. Ela pode ser ideológica. E antes de mais nada
é preciso justamente explicar a diferença entre erro e viés do ponto de
vista estatístico.
Se
os institutos errassem, como repete a mídia, haveria erro para todo
lado e gosto. Ou seja, eles não teriam condições de se aproximar do
resultado final, mas isso serviria para qualquer candidato. Haveria
erros de esquerdistas e direitistas, superestimados e subestimados. Em
outras palavras, um erro estatístico é aleatório, randômico, e em
grandes números tende a se anular pela ótica ideológica.
Não
é isso que vemos, porém. Sai eleição, entra eleição, e invariavelmente
temos os candidatos mais à esquerda com desempenho inferior àquele
previsto pelos principais institutos de pesquisa. O caso da última
eleição municipal foi bem escandaloso. A “margem de erro” fugiu muito do
padrão estatístico, com uma “inflação” entre 5 e até 10 ou mais pontos
porcentuais a favor dos candidatos socialistas.
A
situação que parecia imprevisível em algumas capitais, como Porto
Alegre, Recife e Vitória, apontou vitória mais folgada do candidato
eleito, sempre contra esquerdistas mais radicais. E, em cidades em que
se projetava um triunfo tranquilo, a disputa foi mais apertada, caso de
Fortaleza, onde o adversário do candidato dos Ferreira Gomes quase
venceu, ao passo que as pesquisas apontavam uma vitória folgada do PDT.
Guilherme
Boulos e Manuela D’Ávila chegaram a animar a militância comunista e
certos jornalistas, o que pode ser sinônimo. Um deles chegou a escrever
que sentia cheiro de vitória do PCdoB em Porto Alegre, e outra, uma
“respeitada jornalista” de um dos maiores jornais do país, cantou Manu
como favorita. O resultado na urna mostrou um cenário distinto. Após a
apuração, Sebastião Melo foi eleito prefeito da capital gaúcha com
54,63% dos votos válidos, enquanto Manuela D’Ávila ficou com 45,37%.
Alguns
ironizaram que a margem de erro dos institutos teria de subir para 10
pontos porcentuais daqui para a frente, mas eis a questão central: não é
preciso aumentar a margem para os dois lados, para cima e para baixo;
basta adotar o seguinte critério: se o candidato for de esquerda, então a
margem de erro é de 10 pontos porcentuais para baixo, ponto. Se o
“erro” aponta sempre para a mesma direção, não se pode mais falar em
erro. É o caso de um viés.
Resta
explicar a origem desse viés. As “explicações” para os erros,
apresentadas pelos responsáveis, foram piadas de mau gosto. Eles puseram
a culpa no eleitor “errático”, no clima que levou a uma maior
abstenção, no dinamismo das eleições. É como se o eleitor fosse uma
biruta de posto que aponta para todos os lados dependendo do menor
vento. Cômodo para os institutos, mas inverossímil. No mais, seria o
caso de erros aleatórios novamente, não explicaria o viés. Ou só eleitor
de esquerda vai à praia?
Tem
de haver outra explicação. Uma possibilidade é aquela já aventada: as
pesquisas são compradas, e quem costuma demonstrar mais ambição e pouco
apreço por princípios éticos é justamente a esquerda. Como ela se
enxerga detentora de uma verdade absoluta e pretende impor esse “caminho
redentor” de qualquer jeito, normalmente a esquerda adota a máxima de
que seus “nobres” fins justificam quaisquer meios.
Existe
fraude em todo o espectro ideológico, mas historicamente falando não
resta dúvida de que a esquerda revolucionária sempre jogou mais sujo.
Basta pensar em sua proximidade com a marginalidade, com
narcoguerrilheiros, traficantes, ditadores, terroristas. O que seria um
instituto comprado para manipular pesquisas e influenciar a eleição,
perto do restante? Não é uma tese conspiratória, portanto, imaginar que
há, sim, esquema nas pesquisas. Essa é uma possibilidade plausível.
Mas
não precisa ser apenas isso. E eis o ponto mais importante, talvez.
Mesmo sem o roubo deliberado, pode haver uma manipulação. Ela seria
fruto do viés dos próprios institutos e também da mídia, todos
aprisionados numa espécie de bolha cognitiva. No mundo “liberal”
cosmopolita há uma quase hegemonia de “progressistas”. Isso vai impactar
reportagens na imprensa, desde a escolha da pauta, passando pelos
“especialistas” entrevistados, o enfoque dado, até chegar na manchete. E
tudo isso pode se dar sem que o jornalista sequer perceba que está, de
fato, agindo como militante.
O
mesmo pode acontecer nos institutos, na formulação das perguntas, na
escolha da amostra, no filtro demográfico. Claro que tudo isso fica
ainda mais complexo na era das redes sociais, que podem tornar os
métodos desses institutos um tanto obsoletos. Há, por fim, o risco de
que o direitista seja um eleitor envergonhado em certos círculos, pois
basta ser conservador para ser tratado nesses ambientes como um pária,
um machista, racista, xenófobo e fascista. Ele prefere ficar quieto e
simplesmente votar. Mas isso não teria impacto em pesquisa por telefone,
provavelmente.
O
resumo da ópera é o seguinte: se a pesquisa for feita numa redação de
jornal desses veículos de comunicação da grande imprensa, a chance de
Boulos ser eleito não prefeito, mas presidente, é imensa! O Psol vence
quase sempre o Congresso em Foco, em que jornalistas votam nos melhores
parlamentares. A representatividade dos socialistas na mídia é bem maior
do que no Congresso, ou seja, eles atraem jornalistas, não o povo.
Mas
os jornalistas é que comandam as manchetes dos jornais, e os institutos
de pesquisa também são afetados por essa bolha vermelha. Se há a
intenção de enganar ou se é um viés inconsciente, não sabemos dizer.
Provavelmente existem os dois casos, e também uma mistura. O fato,
porém, continua evidente: tanto a mídia quanto esses institutos de
pesquisa não estão errando; eles estão distorcendo, e sempre a favor da
esquerda. Não é por acaso que sua credibilidade, perante o público mais à
direita, vem despencando. Com toda a razão!
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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