MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Não mais que de repente, a democracia passa a depender de Gilmar Mendes e Rodrigo Maia

 


Maia e Gilmar Mendes estavam juntos no momento da prisão de Temer, diz jornal - Metro 1

Maia enfrenta Bolsonaro, mas Gilmar fica em cima do muro…

Carlos Newton

Depois que o espantoso Albert Einstein ensinou que tudo é relativo, nada deve nos causar espanto, mas é muito difícil e intrigante constatar que a democracia brasileira possa depender de figuras controversas como Gilmar Mendes, que foi capaz de interpretar a Constituição para fazer o Brasil sofrer um retrocesso medieval, tornando-se o único país do mundo a somente prender criminosos após a quarta instância, ou Rodrigo Maia, que  ajudou a transformar em Pacote Pró-Crime a série de projetos criados pelo então ministro da Justiça, Sérgio Moro, para combater a criminalidade.

O ministro do Supremo diz que apenas cumpriu a Constituição, mas agora fez exatamente o contrário, no caso da reeleição dos presidentes de Câmara e Senado. E o presidente da Câmara alega que os deputados se manifestaram livremente, porém jamais se ouviu dele nenhuma crítica às excrescências aprovadas, como a Lei do Abuso de Autoridade.

UM E OUTRO – É claro que, em comparação a Gilmar Mendes, que até “revogou” – de moto-próprio – todas as leis sobre suspeição e impedimento de magistrados, Rodrigo Maia é apenas um aprendiz de feiticeiro, mas o fato concreto é que também emperrou a redução do foro privilegiado, já aprovada no Senado, e se recusa a pautar a prisão após segunda instância. Cada um a seu jeito, ou o homem é o seu estilo, como dizia Lacan.

Escrevo esse artigo às 11 horas de domingo, quando ainda faltavam três votos para decidir a reeleição dos presidentes de Câmara e Senado, algo que pode abalar a independência e a harmonia entre os Poderes da República.

Se a maioria (só falta um voto) decidir que os presidente de Câmara e Senado podem se reeleger na mesma legislatura, mas no momento apenas Alcolumbre teria esse direito, na estranha tese de Kassio Nunes, preferida pelo Planalto, o país pode cair numa ditadura branca, em que o presidente da República controla o Legislativo. caso Davi Alcolumbre vença no Senado e Arthur Lira chegue à presidência da Câmara. Estará tudo dominado e Bolsonaro se transformará num rei sem coroa, até porque ele só gosta de mulher jovem…

FICA NA DEPENDÊNCIA – Para garantir o funcionamento de uma democracia mambembe, o país dependerá da independência do Supremo, cujo presidente Dias Tofolli em 2019 fez um pacto com Bolsonaro, para blindar sua mulher e a de Gilmar Mendes, ambas apanhadas na malha fina da sonegação e lavagem de dinheiro pela Receita e pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Aliás, Toffoli também era investigado por receber uma mesada de R$ 100 mil da mulher, a advogada Roberta Maria Rangel, e tudo ficou por isso mesmo.

O pacto, é claro, incluía também tentar a impunidade da família Bolsonaro, embora não haja possibilidade de impedir que continuem sendo investigados os crimes de Flávio, Carluxo e Cia. Ltda.

Agora, nova armação está em curso. Se a reeleição no Congresso for referendada, a estabilidade democrática dependerá do cacife de Rodrigo Maia, o único deputado que realmente tem chances de derrotar o rachadista Arthur Lira e impedir que Bolsonaro reine sem coroa.

###
P.S.
E que ninguém esqueça de que, além da blindagem da família e dos amigos, essas articulações de Bolsonaro visam a impedir o impeachment e possibilitar sua reeleição, enquanto la nave va, cada vez mais fellinianamente. (C.N.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário