MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 4 de outubro de 2020

Trump em alto risco: perder a vaga na Suprema Corte e a eleição.

 



A Covid-19 pegou o presidente justamente na hora em que subia um pouco, depois do debate, e pode atrapalhar as sabatinas da juíza indicada por ele. Vilma Gryzinski:


O vírus se alastra. A expressão normalmente é usada em sentido metafórico, mas no caso de Donald Trump tem também um significado literal.

A menos de trinta dias da eleição presidencial, grassam as incertezas sobre as consequências da propagação da Covid-19 entre políticos que tiveram contato com Trump e o próprio estado de saúde dele, suficientemente preocupante para levar à sua hospitalização.

Qual político na face da Terra gosta de passar a imagem de doente? E ainda mais faltando tão pouco para uma eleição pela qual ele teria que brigar até o último suspiro – esse, apenas simbólico.

Se não houvesse risco, Trump teria continuado na Casa Branca, junto com Melania, para a qual não foi invocada a “abundância de precaução” que levou o presidente ao avançadíssimo hospital militar, o Walter Reed – homenagem ao médico do Exército que descobriu a relação entre a febre amarela e os mosquitos que a transmitem.

Como no Brasil, o mosquito de origem africana era uma praga em cidades como Filadélfia e Washington.

George Washington, que ainda não havia nomeado a capital americana, teve que fugir de uma das epidemias de “febre americana”, como era conhecida.

A nova epidemia é uma espécie de febre americana multiplicada por mil.

A contaminação de Trump pode levá-lo a uma derrota mais categórica ainda do que a antecipada pelas pesquisas ou abre caminho a uma espetacular virada de última hora?

Os dois debates ainda no programa serão realizados?

Os democratas conseguirão sabotar a sabatina e – no caso de derrota do presidente – a própria indicação da juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte?

A primeira tentativa já foi feita, com senadores democratas indicando que a juíza deveria entrar em isolamento por ter tido contado com Trump.

Ela retrucou, através de terceiros, que já teve a Covid-19.

Foi feita nova tentativa: como dois senadores republicanos da Comissão de Justiça foram contagiados, a sabatina deveria ser adiada.

A essa altura, o valor de Amy Coney Barrett como trunfo eleitoral foi amplamente superado pelo clima de alta instabilidade provocando pela doença do presidente.

As duas narrativas possíveis ainda estão se defrontando.

A primeira: a Covid-19 sela de vez a tentativa de reeleição de um presidente que nunca deveria ter sido eleito e vai direto para a lata de lixo da história, tendo um melancólico e cármico final, derrubado pela doença que tentou minimizar.

“Num momento que parece bíblico, o implacável vírus bate à sua porta”, escreveu Maureen Dowd no New York Times, resumindo o espírito triunfalista dos antitrumpistas, com a ressalva que achou “vulgares” os memes comemorativos.

A segunda narrativa: sozinho, contra tudo e contra todos, e até contra a mão implacável do destino que colocou o coronavírus em seu caminho, Trump toca o coração de seus partidários que já estavam resolvendo nem sair de casa, diante da vitória iminente de Biden, e ainda leva parte dos que estavam em cima do 

“Um presidente americano sofrendo uma doença potencialmente fatal gera simpatia entre as pessoas decentes”, uma expressão de desejo manifestada por Rob Crisell no Americano Spectator.

“Se a doença mostrar Trump como um ser vulnerável, ele perde seu valor como bicho papão, uma assustadora e demoníaca criatura usada para separar Trump de sua base e empurrar os indecisos para Biden.”

Parece exagero demais, mas uma pesquisa do Investor’s Business Daily mostrou que, depois do debate e antes do anúncio da doença, a diferença entre Trump e Biden havia diminuído para a margem de erro: 48,6% a 45,9%.

Nada menos que 19% dos pesquisados disseram que mudaram de opinião: 9% passaram a preferir Biden e 11% penderam para Trump.

Quem vai conseguir dormir em Washington até 3 de novembro?
 
BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

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