Não falta torcida, dos dois lados, mas o fato é que presidente fica em desvantagem na arrancada final para a disputa em que está atrás nas pesquisas. Vilma Gryzinski:
Ser
uma figura pública é profissão de risco no caso de uma doença
contagiosa como a Covid-19, propagada por contatos próximos. Jair
Bolsonaro, Boris Johnson e o príncipe Charles já comprovaram isso.
Mas
nada se iguala ao formidável drama de Donald Trump, derrubado pelo novo
coronavírus a 32 dias da eleição em que aparece atrás em todas as
pesquisas.
Mesmo
que seja poupado da progressão negativa da doença, e seus 74 anos não
ajudam muito, Trump tem que ficar isolado os 14 dias de praxe da
quarentena. Isso se não tiver complicações.
Suas
habituais “tempestades de tuítes”, que certamente aumentarão de
intensidade, não compensarão a presença física nos comícios ao vivo.
É
neles que exibe as diferenças com Joe Biden. Sempre tem muita gente e
gente apaixonada por Trump, propagando uma imagem de entusiasmo e
energia da qual ele precisa muito para virar o jogo nos estados-chave
onde a eleição será definida.
Ironicamente,
Trump apresentava Joe Biden, não sem razão, como um candidato lerdo,
sem carisma e intimidado pelo coronavírus a ponto de ter passado um
longo isolamento no porão de sua casa.
Isso
se não tiver contaminado o adversário no incandescente debate de
terça-feira, onde a linguagem agressiva, dos dois lados, poderia,
teoricamente, servir como um vetor de gotículas capazes de transpor a
distância de segurança entre ambos.
É
difícil resistir a uma especulação desse tipo, digna dos ótimos
roteiros das séries de televisão mede filmes sobre política e
presidentes.
Imaginem os dois candidatos à Casa Branca, ambos septuagenários, imobilizados pelo vírus.
Desde a criação da república americana, oito presidentes morreram durante seus mandatos, sendo três assassinados.
Abraham
Lincoln foi morto em 1865, quando assistia uma peça de teatro, baleado
por um ator que queria vingar o Sul recém-derrotado na Guerra Civil.
O
patrono, ao contrário, dos que sonham com uma vaga em cargo público,
Charles Guiteau, assassinou James Garfield em 1881. O emocionalmente
instável Guiteau queria ser cônsul em Paris, mas acabou na forca, cinco
meses depois do magnicídio.
William
McKinley visitava a Exposição Universal de 1921 quando Leon Czolgosz,
um anarquista de origem polonesa, o baleou. Teve uma morte longa e
horrível, por gangrena.
O
assassinato de John Kennedy, em 22 de novembro de 1963, deixou um
trauma profundo e deu origem a teorias conspiratórias que se propagam
até hoje – e influenciam as séries de televisão.
Dos
que morreram por doença, Franklin Delano Roosevelt, da galeria dos
gigantes, já estava acabado em termos de saúde quando sofreu uma
hemorragia cerebral em 12 de abril de 1945, sem ver o fim oficial da
guerra.
Muitos americanos só souberam que ele precisava de cadeira de rodas por causa da poliomielite depois que ele morreu
A
Covid-19 vai enterrar a reeleição de Trump? Tudo é possível. Inclusive,
um pouco mais implausivelmente, que ele seja ajudado por uma espécie de
efeito solidariedade.
A série continua.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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