Os inimigos
da Lava-Jato, em várias instâncias do poder, se uniram contra a operação
que promove uma limpeza ética no país. Contra eles, precisamos ir às
ruas aos milhões de norte a sul. A propósito, segue artigo de Percival Puggina:
Cheguei a
crer que fosse inviável parar a Lava Jato. Hoje, essa certeza
arrefeceu. Ainda que não seja possível retirar do juiz Sérgio Moro e dos
promotores da força-tarefa as garantias constitucionais que lhes
asseguram a autonomia para agir, existem maneiras de lhes suprimir os
meios de ação e, até mesmo, de os neutralizar. A despeito da respeitável
determinação da turma de Curitiba e do irrestrito apoio do povo, essas
artimanhas estão sendo exibidas diante dos nossos olhos.
A Lava
Jato suscitou contra si o mais poderoso grupo de inimigos que já se
formou no Brasil. Para combatê-la, uniram-se parceiros tradicionais e
inimigos tradicionais, instalados em elevadíssimos andares no edifício
do poder. Estão fisicamente dispersos, mas se articulam e operam, como
bem se sabe, em todos os poderes e instituições da república. A força
tarefa tem contra si numerosa bancada no Congresso Nacional, muitos dos
melhores advogados do país, bem como negociadores e articuladores
políticos de competência comprovada. Esse conjunto de antagonistas
dispõe, ao alcance da mão, de todos os meios financeiros e materiais que
possam ser requeridos pela tarefa de a estancar. E note-se: estou me
referindo somente aos figurões que hoje medem diariamente a distância
que os separa da porta da cadeia, seja porque lá já estão, seja porque é
para lá que receiam ser levados. A estes se acresce, ainda, um conjunto
de forças figurantes. É formado por quantos dependem do grupo principal
e têm grande interesse em que malefício algum aconteça a seus maiores. A
onda de choque de cada sentença e de cada prisão também causa dano
sobre esse numeroso grupo que hoje enfrenta a interrupção de seus fluxos
de caixa. Aliás, se fosse possível uni-los numa legenda, por exemplo,
formariam talvez a mais influente agremiação do país.
É o
exército da máfia. Legião de brasileiros que acorda, diariamente, com
olhos e ouvidos postos nos movimentos da Polícia Federal, face mais
imediatamente visível das operações já criadas ou ainda por ser
instaladas e pensa, em harmonia com o andar de cima: isso tem que parar.
Há mais,
leitor. Os inimigos da Lava Jato dispõem, em seu favor, de uma
legislação protecionista, garantista, que faz do foro privilegiado e do
sigilo sucedâneos legais da omertà, a lei do silêncio da máfia no sul da
Itália.
Pois bem,
se essas forças estão se articulando e, visivelmente, começam a agir
nos processos, nos projetos e composições de poder, chegou a hora de os
cidadãos retornarem às ruas, conforme está programado para acontecer no
próximo dia 31. Os últimos meses tornaram evidente que o impeachment é
irreversível. O governo Dilma acabou. Ótimo. Revelou-se com nitidez,
porém, um inimigo que está além dos jogos de guerra entre governo e
oposição. Refiro-me à criminalidade atuante nas instituições nacionais.
Por causa
dela e contra ela, é necessário que no dia 31 de julho, aos milhões,
voltemos novamente às ruas, em ordem e com entusiasmo cívico. É hora de
exigirmos o fim do foro privilegiado, de cobrarmos a aprovação sem
delongas das medidas do MPF contra a corrupção e de levarmos à Lava Jato
mais do que nosso apoio. Faremos ver a seus inimigos que a nação os
conhece e rejeita. Com determinação e esperança, unidos, daremos à Lava
Jato nossa voz, nosso ânimo e a expressão de nosso amor ao Brasil.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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