MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 30 de julho de 2016

Renda baixa de taxistas impede pagamento de aluguel do carro


Um taxista que trabalha há quatro anos em carro de empresa, e que prefere não se identificar, testemunha: ?A gente tem comido o pão que o diabo amassou

por
Alex Ferrz
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Foto: Romildo de Jesus
Embora a crise econômica e a concorrência do Uber atinjam a todos os taxistas, em Salvador aqueles profissionais que trabalham  em carros pertencentes a empresas de táxi ou permissionários que alugam seus veículos têm vivido momentos de verdadeiro desespero. Quem resume a situação é o presidente da Associação Metropolitana dos Taxistas – AMT, Valdeilson Miguel dos Santos: “Esses profissionais estão vivendo uma verdadeira calamidade.”
Com a obrigação de pagar entre R$ 700 e R$ 750 semanais aos donos dos táxis, estes motoristas têm trabalhado até das 5 de manhã à meia-noite, o que, segundo o presidente da AMT, “além de não ser suficiente - pois o faturamento, em geral, que chegava R$ 300 por dia, hoje dificilmente passa dos R$ 100 -, a situação gera tremendo estresse e cansaço em geral, o que chega mesmo a aumentar as brigas de trânsito e problemas em casa.”
Valdeilson informa que muitos taxistas que pagam diárias tiveram até mesmo de tirar filhos da escola e cada vez consomem menos gás, pois não conseguem rodar, “o que, como se vê, acaba afetando também os donos de postos de combustíveis. A verdade é que, de um modo geral, vivemos uma crise jamais vista, por causa da situação econômica do País e da concorrência do Uber, e até mesmo quem tem seu carro próprio tem atrasado o pagamento das prestações.”

COMPREENSÃO

O presidente da AMT prossegue ponderando que, no caso dos donos de empresas de táxi e mesmo permissionários que alugam seus veículos, “há casos daqueles que entendem a situação terrível do mercado e reduzem o valor da diária, mas há muitos que não se preocupam e, com isso, os motoristas têm devolvido os veículos, já que ficam totalmente sem condições de cumprir o pagamento da diária.”
Um taxista que trabalha há quatro anos em carro de empresa, e que prefere não se identificar, testemunha: “A gente tem comido o pão que o diabo amassou. Sou obrigado a pagar R$ 700 por semana ao dono do veículo, mas dificilmente consigo faturar R$ 100 por dia. Estou com  diversos pagamentos atrasados e, pela primeira vez nesses quatro anos, estou pensando seriamente em devolver o carro e passara a trabalhar com minha esposa, na lanchonete dela, pois não tenho outra forma de sobreviver.”
Outro que enfrenta a crise, apesar de ter veículo próprio, é Geraldo Teles da Silva. “Tenho 34 anos de praça em Salvador, depois de nove anos em São Paulo, e nunca vi algo igual. Hoje, por exemplo, um dia útil e chovendo, saí de casa (Mata Escura) por volta das 7h30, passei pelo Cabula VI, Uneb, Brotas, Sete Portas e esta é a primeira corrida que pego, às 9h45.” Segundo ele, “faturar R$ 100, livres, por dia, atualmente, é muito difícil.”
Teles lembra, com justificada nostalgia os idos “dos anos 1970 e 1980, ou até mesmo início dos anos 1990, quando havia filas de passageiros - e não de táxis - nos pontos. “Tenho lembrança de que, tanto em São Paulo como aqui em Salvador, uns 35 anos atrás, a gente tinha que colocar uma placa no carro anunciando que estávamos indo almoçar ou em busca de oficina, para os passageiros não reclamassem quando necessitávamos cumprir essas necessidades.”
Juarez Santos  Souza, dono do táxi de alvará 6178, também fala da crise e descreve a situação pela qual vem passando os colegas que dirigem veículos alugados. No entanto, ele não chega a condenar totalmente o Uber pela situação, “até porque a maior concorrência é à noite, quando o Uber realmente tem muita procura.” No entanto, ele confessa que passa por dificuldades, devido à queda do faturamento.

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