MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 17 de outubro de 2015

Detentos fabricam jalecos, lençóis e bordam biquínis em Divinópolis


Mais de 60 presos participam do projeto e ganham remição de pena.
Produção de jalecos e lençóis vai para o Hospital São João de Deus.

Do G1 Centro-Oeste de Minas
Divinópolis, floramar, presídio, pena (Foto: Seds/Divulgação)Presos durante a fabricação de jalecos no Presídio Floramar (Foto: Marcelo Santa'Anna/Divulgação)
Uma iniciativa envolvendo o Presídio Floramar e a indústria de confecções de Divinópolis tem evitado desperdício e dado o benefício de remição de pena para mais de 60 detentos que fabricam jalecos, lençóis e bordam biquínis na unidade. O projeto mais recente começou há quatro meses e desde então, tecidos que embalam o instrumental cirúrgico do Hospital São João de Deus (HSJD), que seriam descartados no lixo, estão virando jalecos para médicos e enfermeiros da unidade.
De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), são entregues cerca de 1300 jalecos por mês e mais de nove mil lençóis ao hospital. “O material produzido é impermeável e proporciona segurança aos profissionais que atuam nos leitos de isolamento”, destacou a responsável técnica pela comissão do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) do HSJD, Graziele Lemos.
Ainda segundo a Seds, todos os detentos trabalham em troca de redução de pena, com desconto de um dia a menos, a cada três trabalhados. Alguns também recebem remuneração que corresponde a três quartos do salário mínimo, cerca de R$ 590.
A diretora-geral do Presídio Floramar, Elisabete Pinheiro Fernandes, destaca que a parceria com o hospital e empresas de confecção tem um caráter pedagógico para os presos. “Além da remição de pena e da qualificação para o trabalho, eles contribuem para o meio ambiente e ajudam uma instituição que presta um serviço relevante para a população de Divinópolis”, destacou.
A produção dos lençóis fica por conta de 48 homens e 12 mulheres. Todos eles trabalham juntos e muitos deles foram treinados pelo deteno José Adelmo, que direcionou o tempo no presídio para aprender sobre maquinários nos cursos fornecidos dentro da unidade. Além da costura, ele dá manutenção nas máquinas, colocando em prática tudo que aprendeu ao longo dos anos de reclusão. “Aqui me sinto útil, produzindo e ajudando outros presos a produzir também”, afirma.
Divinópolis, floramar, fabricação, biquínis,  (Foto: Marcelo Santa'Anna/Divulgação)Mais de 60 biquínis bordados por Jenifer serão comercializados na  Indonésia  (Foto: Marcelo Santa'Anna/Divulgação)
Jenifer Silva Araújo, de 23 anos, tabém é detenta do presídio e faz parte da oficina que corta e embainha os lençóis. Mas agora, ela borda biquínis e maiôs para uma loja de Divinópolis que propôs uma parceria ao Floramar há mais de um ano. As peças mais delicadas chegam a consumir toda a jornada diária de oito horas de trabalho da detenta. “Uma das donas da loja propôs o trabalho para as presas, eu me candidatei e estou há um ano e meio nesse projeto. Recebi treinamento e, aos poucos, fui preparada para fazer aplicações de bijuterias e pedras nas peças”, contou.
Divinópolis, loja, biqíni, bordado, presídio (Foto: Verde Limão/Divulgação)Peça foi bordada por Jenifer Silva
(Foto: Verde Limão/Divulgação)
A gerente de produção da loja de biquínis, Alcina Machado, disse em entrevista ao G1 que se sente gratificada em oportunizar o aprendizado de um ofício à Jenifer Silva e ainda elogiou o trabalho da jovem.
“É gratificante saber que temos a oportunidade de ajudar e, em contrapartida, ainda receber um trabalho de qualidade. A Jenifer faz o acabamento final das peças. É um trabalho minucioso, que não pode apresentar defeitos e ela sem dúvida alguma é muito caprichosa, responsável, faz bem feito e o mais importante, ela faz o trabalho com amor”, disse.
Mais de 60 peças produzidas pela detenta serão enviadas para a Indonésia ainda nesta sexta-feira (16), segundo Alcina Machado. A gerente ainda garante que quando Jenifer sair do presídio já terá emprego garantido. "Sem dúvida ela será empregada na loja quando sair, se ela quiser. Volto a dizer que o trabalho dela é perfeito e me alegra muito saber que estamos oportunizando esse aprendizado a ela. No início eu mesma ia ao presídio para treiná-la e era difícil por conta do processo, mas hoje é só orgulho”, finalizou.

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