Documentos foram furtados de carro em faculdade do DF há três meses.
Compilação trazia passaportes, cartas de amor e registros de graduação.
“Foi localizado por um senhorzinho que parou para ir ao ‘banheiro’ exatamente ali. Coisa de Deus. Estou muito feliz”, disse. “Ele encontrou no dia 24 à tarde e por volta das 22h fez questão de vir pessoalmente me trazer, ao saber que eu estava recém-operada e não poderia dirigir naquele momento."
"A sensação foi realmente muito forte, uma energia que jamais havia sentido na vida. Foi como se meus antepassados estivessem ali comigo e fizeram esse senhorzinho de guia”, declarou. As malas estavam danificadas por causa da exposição ao sol e à chuva.
Debora passou mais de um ano juntando todos os documentos. Ela conta que cursa o segundo semestre de pedagogia na instituição e que emprestou a mala a uma professora depois de muita insistência.
“Ela falou sobre judeus, e eu contei que tinha um trabalho muito bonito que eu tinha feito há dez anos. Ela pediu para ver e ficou tão encantada que pediu para levar para casa. Eu fiquei assim, né, mas, por uma questão de respeito acabei entregando. Depois fiquei cobrando, e ela dizendo que me entregaria no dia seguinte. E no dia seguinte o carro foi arrombado”, conta.
“A instituição lamenta o ocorrido e informa que orientou a vítima a tomar todas as providências cabíveis no âmbito da secretaria de segurança pública do Distrito Federal. Quanto ao furto de documentos históricos, a instituição não pode ser responsabilizada pela natureza dos documentos que motoristas decidem levar consigo em seus veículos”, completou.
anos 1920 recuperadas por advogada de Brasília
(Foto: Debora Marchewka/Arquivo Pessoal)
“Meu pai praticamente nasceu no navio. Minha avó veio grávida, fugiu justamente porque estava grávida. Meu pai foi registrado no Rio de Janeiro, mas o navio aportou, e eles já foram direto para o hospital”, comenta. “Meu irmão não teve filhos, e eu tive uma. A única forma de eu transmitir a história judaica e da minha própria família é assim.”
História
A advogada diz que a família chegou ao Brasil sem qualquer quantia em dinheiro. A avó passou a trabalhar como costureira, e o avô como marceneiro. O pai estudou sempre em escola pública e cursou medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro. A mãe dela foi convertida ao judaísmo para poder se casar.
Debora conta que aprendeu hebraico e que comemora todas as datas judias. Ela diz que sabe pouco do que foi dito entre os avós nas cartas, porque não conseguia compreender o idioma. A ideia era obter essas informações no futuro.
“Eles passaram situações horríveis lá, mas conseguiram embarcar escondidos e vieram para o Brasil. Não comentaram muita coisa com meu pai além de que as situações eram desesperadoras, acho que até evitavam contar o que viveram, porque queriam uma vida nova. Perderam o contato com todo mundo e decidiram recomeçar aqui”, explica.
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