Murilo Melo
A TARDEEm sua fórmula, estas bebidas trazem estimulantes naturais como guaraná, ervas como ginkgo e ginseng, açúcar, aminoácidos, incluindo taurina, mas o principal ingrediente ativo é a cafeína.
Ao somar a quantidade consumida desse tipo de bebida, com o que mais é ingerido durante o dia - como café, chá, chocolate e refrigerante à base de cola -, o organismo apresenta teor de cafeína acima do ideal.
Com isso, de acordo com o cardiologista Alexsandro Fagundes, pode resultar em efeitos preocupantes ao corpo como insônia, aumento da pressão arterial, problemas gastrointestinais, transtornos de ansiedade e até causar taquicardia.
Quem bebe uma latinha eventualmente não apresenta riscos, mas a superdosagem pode causar reações como tremores, náuseas, diarreia e dor de cabeça.
Os sintomas ocorrem porque a cafeína altera o funcionamento do sistema nervoso central.
Segundo Fagundes, quando o componente chega no córtex cerebral, ele inibe a ação de substâncias químicas produzidas pelos neurônios do sono, chamado adenosina, que, entre outras coisas, aumenta a frequência cardíaca.
Para saber a quantidade de cafeína contida nesses produtos, o cardiologista alerta a importância de ler a tabela nutricional das embalagens.
"As marcas de energéticos, em sua composição, são diferentes uma das outras, elas não têm a mesma quantidade de componentes, não há regulamentação quanto a isso. A maioria concentra valor de cafeína equivalente a duas xícaras de café por unidade", diz o médico.
Geralmente as pessoas começam a apresentar sintomas se consumirem acima de 250 mg de cafeína por dia. Cinco xícaras de café de 50 ml já atingem essa quantidade, de acordo com Fagundes. Ele acrescenta que crianças, idosos, diabéticos e cardíacos devem evitar o produto.
Mistura arriscada
Apesar de os rótulos advertirem contra a mistura de energéticos ao álcool, é assim que geralmente as pessoas fazem uso na balada.
O energético elimina a sonolência, aumenta a sensação de prazer proporcionada pelo álcool, mas diminui a percepção do real estado de embriaguez.
"O problema com a mistura é que a bebida alcoólica traz sensação de leveza e a pessoa acaba bebendo demais. Com isso, o risco de intoxicação é maior", diz o cardiologista Alexsandro Fagundes.
Todos os finais de semana, a estudante de engenharia Luíza Macêdo, 19, vai à balada e mistura vodca com energético. "Eu me desgasto durante a semana inteira com o trabalho e os estudos. É o meu momento. Preciso ficar bem ativa para me divertir com meus amigos".
Segundo ela, o hábito parece inofensivo, mas já trouxe problemas ao corpo. "Me disperso tanto bebendo que não sei a hora de parar. Mas, sempre acordo com uma sensação de cansaço e tontura".
Médico aponta alternativas naturais de efeito estimulante
O médico clínico geral, Fernando Hoisel, afirma que os energéticos naturais também podem reforçar o vigor diário.A ashwaghanda, planta utilizada há mais de cinco mil anos pela medicina ayurvédica, a Panax ginseng, energético de origem coreana, e a maca, raiz produzida na região do Peru e Bolívia, dão energia física e intelectual, estimulam a energia sexual e servem como calmante.
Esses produtos são encontrados em farmácias homeopáticas e de manipulação.
As bebidas energéticas registram desde 2010 um salto anual de 25% de consumo no Brasil. A categoria é a que mais cresce no mercado de bebidas sem álcool, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas.
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