MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 31 de agosto de 2013

Aves simulam caça em frente ao Rio Amazonas no Amapá


Falcões e gaviões são atraídos por presas fictícias denominadas lure.
Treinamento é conhecido como falcoaria.

Graziela Miranda Do G1 AP

Aves de rapina são submetidas a treinamentos diários, aplicados pelos biólogos Felipe Furtado e Marcos Cruz (Foto: Graziela Miranda/G1)Aves de rapina são submetidas a treinamentos diários, aplicados pelos biólogos Felipe Furtado e Marcos Cruz (Foto: Graziela Miranda/G1)
Atraídos por presas fictícias que carregam pedaços de carnes cruas, e são lançadas ao ar ou arrastadas ao chão, 2 falcões e 2 gaviões fazem simulação de caça no Parque da Fortaleza de São José de Macapá, em frente ao Rio Amazonas. As aves de rapina são submetidas a treinamentos diários, aplicados pelos biólogos Felipe Furtado e Marcos Cruz, falcoeiros paraenses que estão no Amapá há cerca de 2 meses.
Eles denominam como lure o equipamento de couro que simula uma ave, utilizado para atrair os gaviões e falcões em treinamento, atividade conhecida como falcoaria. “Nós utilizamos (o lure) em todos os treinos e serve para a ave olhar o objeto e associá-lo à comida”, frisou Marcos, acrescentando que apesar de as aves serem treinadas e saberem caçar, elas apenas simulam a ação predatória.
As quatro aves criadas pelos biólogos paraenses são nascidas em cativeiro de criadouros  (Foto: Graziela Miranda/G1)As quatro aves criadas pelos biólogos paraenses são nascidas em cativeiro de criadouros (Foto: Graziela Miranda/G1)
O biólogo comentou sobre o outro artifício utilizado pelos falcoeiros: o voo à luva. "A gente segura um pedacinho de carne e as aves voam vários metros em direção à luva do outro falcoeiro, estimuladas pelo som de um apito. Quando soltas, elas voam no mesmo instante, de luva para luva, em voos rápidos e sem um padrão definido", explicou Marcos.
Ele destacou que a dupla paraense é a única na região norte do país a praticar falcoaria, fortemente dsempenhada no estado de Minas Gerais. “Nós estamos inseridos na Associação Brasileira de Falcoaria e Preservação às Aves de Rapina, onde todos os falcoeiros estão cadastrados. Todo mundo sabe do trabalho de todo mundo”, contou.
Felipe especificou que a falcoaria deve ser praticada em área aberta, sem árvores e livre de fiação elétrica. “Aqui em Macapá, o lugar que a gente escolheu é ideal para isso. As pessoas que trafegam por lá não precisam ficar com medo das aves, pois elas não atacam seres humanos, a não ser que alguém esteja querendo chegar perto dos seus filhotes”, garantiu.

Os dois biólogos, que também são primos, estão em Macapá para prestar um serviço de manejo de fauna à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Para eles, a falcoaria é um passatempo, segundo Marcos, que reforçou que os treinos com as aves são realizados diariamente por aproximadamente 40 minutos para cada ave.
“Nós aprendemos a técnica sozinhos, lendo livros estrangeiros. Fizemos tudo por conta própria, sem precisar de treinamento em instituições de ensino”, disse Marcos.
Cada uma delas possui uma anilha na perna contendo todas as informações acerca da sua procedência (Foto: Graziela Miranda/G1)Cada uma delas possui uma anilha na perna
contendo todas as informações acerca da
sua procedência (Foto: Graziela Miranda/G1)
Felipe contou que as aves são criadas dentro de casa, em poleiros. Por isso, reforçou, há a necessidade de praticar a falcoaria diariamente. “Nós temos que treiná-las. Nisso, elas gastam toda a energia necessária, pois elas voam livre e o suficiente para gastar energia. Além disso, elas têm uma alimentação adequada, que é codorna ou camundongo, além de vitaminas. Para reforçar a saúde das aves, elas contam com acompanhamento veterinário”.
As quatro aves criadas pelos biólogos paraenses são nascidas em cativeiro de criadouros legalizados particulares e autorizados pelo Ibama, segundo garantiram. Duas são de Minas Gerais e duas são do Rio de Janeiro. Cada uma delas possui uma anilha na perna contendo todas as informações acerca da sua procedência.
Falcoaria
A falcoaria, segundo o biólogo Felipe Furtado, além de estimular o instinto de caça, deixa a ave mais sadia psíquica e fisicamente. A técnica já foi utilizada pela dupla para reabilitação de aves no museu Emílio Goeldi, em Belém (PA). “Começamos a praticar a falcoaria há oito anos. De lá pra cá já reabilitamos aproximadamente trinta aves”, revela Felipe.
Durante o treinamento no Parque do Forte, em Macapá, curiosos param para observar a prática (Foto: Graziela Miranda/G1)Durante o treinamento no Parque do Forte, em Macapá, curiosos param para observar a prática (Foto: Graziela Miranda/G1)
Durante o treinamento no Parque do Forte, em Macapá, curiosos param para observar a prática, que normalmente chama mais a atenção de crianças. Os biólogos contam que aproveitam o momento para fazer um pequeno trabalho de educação ambiental.
“A gente fala sobre a importância desses animais na natureza. Muitas pessoas não sabem o nicho e o papel que eles representam, como predadores e controladores de animais, como ratos. Falamos sobre a preservação e valorização das aves. Repassamos todo o nosso conhecimento, pois só conseguimos preservar as coisas que conhecemos”, finaliza.

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