Início
de ano, vida nova, início das aulas. Aula, estudo, instrução, educação. Futuro.
Futuro próspero de uma nação. Poderia fazer vários comentários sobre o que
fazer, como e por que fazer para “mudar” o atual estado crítico, vergonhoso da
educação no Brasil. O assunto é muito abrangente e todos conhecem soluções,
principalmente os governantes e políticos brasileiros! Falta, portanto, boa-vontade,
competência, atitude e vergonha na cara dos governantes!
A UNESCO, Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura divulgou o índice de desenvolvimento da
Educação de 128 países. O Brasil aparece na incômoda, vergonhosa 88ª posição, atrás
de Honduras (87ª), Equador (81ª) e Bolívia (79ª) - e muito longe dos nossos
vizinhos Argentina (38ª), Uruguai (39ª) e Chile (51ª). Santa vergonha, para não
afirmar, Santa indecência para com os brasileiros! O insucesso na alfabetização de
crianças é uma dos maiores vexames, falta de respeito a uma nação, seu povo passa a ser dependente de tudo!
Gandhi
disse certa vez: “Se queres progredir, não deves repetir a estória, mas fazer
uma história nova”. Esta máxima remete-me a outra: “Existem três tipos
de governo: o que faz acontecer; o que deixa acontecer e o que não sabe o que acontece”. Bela conclusão para os dias
atuais, sobretudo nos últimos dez anos!
De
1930 a 1980, o Brasil realizou proezas históricas. Saiu de um enorme atraso
para um aparelhamento técnico-industrial surpreendente. Passou de 48º economia
do mundo para 8º. Juscelino Kubitschek deu um choque de progresso e tirou o País
da condição de agrário e esquecido do mundo para se tornar a Nação do futuro! Entre
os anos 60 até meados dos anos 70, o Brasil cresceu em média de 10 até 14% a.m.
Tudo perfeito, um mar de rosas! Com a consolidação do Plano Real e muitos
outros feitos no governo FHC, o Brasil voltou a crescer, e tudo parece ótimo.
Não é verdade, nossos políticos continuam brigando pelo poder, esquecendo que
seu povo continua péssimo em educação escolar.
Entretanto,
sei que meus pais não esqueceram de mim e dos meus irmãos, mas todos os
governos esqueceram de milhões e milhões de brasileiros ao longo destes 500
anos! De fato, esqueceram de dar educação, estudo, instrução ao povo
brasileiro.
Segundo
o colunista Cláudio Moura de Castro, a culpa é do tataravô. Sua observação é
merecidamente ótima. O desleixo do passado deixou sequelas graves! Só nos
últimos cinquenta anos é que o Brasil abril um dos olhos. Na Europa do século XVI, a Inglaterra
precede do resto do mundo dita a primeira regra: toda criança de seis a 12 anos
deve estar na escola, cumprido 6 horas de jornada escolar. No século XVII, em
Viena, aprova-se uma lei proibindo a contratação de aprendizes e empregadas
domésticas sem certificado escolar. A América do Norte do século XVIII caminha
rapidamente para a escolarização universal. No século XIX, nossos vizinhos,
Argentina e Uruguai, imitam a América. O Brasil, como sempre, não sabe nada,
não vê nada! Parasitas, corruptos, aproveitadores só querendo poder!
No
Brasil, continua Claudio M. Castro, além de herdarmos tudo que não presta dos
ibéricos, herdamos a pior das imperfeições: a tradição portuguesa de um ensino
débil e medíocre! Até as elites eram improvisadas e precárias. Na verdade, o
que havia era uma educação péssima para os mais nobres e nada para o “resto”. O
país só acordou no século XX para aquilo que os ingleses já sabiam há 400 anos!
Certo é que herdamos tantos males dos nossos tataravôs, que ainda hoje, mesmo
tendo cultura e intelectualidade, uma minoria “escolarizada e
intelectualizada” ainda não sabe votar num bom candidato, esquecendo de regras básicas para eleger alguém.
É
fácil perceber que o império que nos descobriu carregava o germe da exploração,
burocracia, da corrupção. Infelizmente este vírus da corrupção ainda
persiste. Ainda continuamos em guerra neste rico-pobre País, porque, enquanto a
deseducação preponderar, seremos grandioso em terra e gente, pequeno em educação,
instrução e cultura. Um país grande, não um grande país. Um país sempre na contramão!
Podemos
manter a inflação e superávit primário sobre controle; a economia crescendo, reduzir
e controlar juros e impostos, resolver os problemas de infraestrutura, segurança
e saúde, e outros gargalos, porém, jamais controlaremos ou acabaremos com a corrupção,
elegeremos verdadeiros líderes-administradores neste putrefato país, se o povo
não tiver discernimento, bom senso, ou seja, não tiver estudo, instrução,
cultura!
Faculdades,
universidades são importantes, contudo, o ensino básico nas escolas é fundamental.
Escolas públicas com boa infraestrutura, barata e accessível a todos,
especialmente aos mais necessitados, professores capacitados e bem-remunerados
etc. Porque não podemos mais permitir que 25% dos nossos alunos da 4ª série
sejam analfabetos (quatro anos estudando); e que 75% da população do Brasil, se
ler este texto, não vai compreender!...
Não
podemos só pensar que a alfabetização é condição suficiente para nosso
desenvolvimento, mas sabermos que é imprescindível, essencial, para nosso rico-pobre
Brasil.
Sérgio Belleza é autor
dos livros, Caminhado com Walkyria e
Ascensão e Queda de um Império Econômico.
sergio@albani.com.br / www.serbiobelleza.com.br
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