Daniel Genuário diz não crer em assombração ou fenômenos sobrenaturais.
Há dez anos ele faz sepultamentos em cemitério de Campo Grande.
Grande (Foto: Leandro Abreu/ G1 MS)
O cemitério é daqueles à moda antiga, em que as famílias investiam em mármores, estátuas de santos feitas em bronze ou até mesmo mausoléus de alvenaria para abrigar os restos mortais dos entes queridos. De vez em quando, a pedido de alguma família, Genuário faz manutenção em alguns jazigos.
Ele conta que trabalhava como servente de pedreiro, e teve dificuldades em se acostumar a lidar com o ofício atual, que envolve momentos delicados na vida das pessoas. “Hoje eu já me acostumei. Só não gosto muito de fazer enterro de criança. De adulto para mim é normal. Se não é velhice, é porque caçou alguma coisa”, disse ao G1.
Muitas vezes, coincidências estranhas envolvem seu trabalho. “Uma vez veio uma senhora que mandou lavar e encerar o túmulo dela, dizendo que vinha pagar pelo serviço na manhã do dia seguinte. Só que ela acabou morrendo à tarde”, relata Genuário.
“Teve uma senhora que morreu. Eu já estava abrindo [a cova] para sepultar quando a família veio e mandou abrir outro porque o marido dela tinha acabado de morrer. Eles morreram no mesmo dia”, disse.
Genuário diz não crer em assombrações ou fenômenos sobrenaturais. "Não tem que ter medo dos mortos. Tem que ter medo dos vivos". Mesmo lidando com o assunto diariamente, prefere simplesmente continuar com o trabalho. “Todo mundo tem medo da morte. Eu já pus na minha cabeça: eu já enterrei nem sei quantas pessoas e algum dia alguém vai me enterrar”, diz o coveiro.
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