MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 23 de março de 2025

Qual o caminho para o Brasil se tornar um protagonista global em pesquisa clínica? Especialistas respondem

 


Segundo profissionais da área, falta de trialistas e investigadores clínicos brasileiros enfraquece a política de ciência e tecnologia nacional;


O que impacta a credibilidade científica do país? Quais são os gargalos? Qual país tem interesse em trazer estudos para cá? Qual a reputação do Brasil em pesquisa?


Estes temas foram debatidos na última sexta-feira, em São Paulo, por especialistas do setor em encontro inédito;


São Paulo, 21 de março de 2025 - A pesquisa clínica é um dos temas mais relevantes da atualidade, não apenas pelo impacto no avanço da medicina, com o objetivo de curar mais pacientes e oferecer tratamentos cada vez mais eficazes, mas também pelo papel fundamental no desenvolvimento de novas tecnologias. Os Estados Unidos são um dos líderes de pesquisa científica global. No Brasil, o mercado tem potencial, mas lá fora, a posição ranking mundial é baixa (20º). Para os especialistas que estiveram presentes no I Encontro Anual de Pesquisa Clínica, realizado semana passada em São Paulo, para o país se tornar protagonista neste setor é preciso investir na formação de pesquisadores e trialistas – que, hoje, estão fora do país -, acabar com os gargalos que envolvem complexidades contratual e logística, melhorar o arcabouço tecnológico, e inovar para diminuir o déficit no número de tratamentos no Brasil ante lá fora.


O que falta  

Para o Superintendente de Ensino, Pesquisa e Inovação no A.C. Camargo Cancer Center, Dr. José Humberto Fregnani, não existe uma formação oficial de trialista e investigador/pesquisador clínico no país, e o pesquisador investigativo nem sempre tem formação acadêmica. “Os trialistas são aqueles que desenham o estudo/ ensaio clínico. Precisamos ter mais deles. Este é o grande desafio que temos, pois há grandes cursos que trazem fundamentos, mas não para formar estes profissionais. E isto impacta diretamente na credibilidade científica, enfraquece a política de ciência e tecnologia, além de impactar no SUS também”, diz Fregnani.


Para o Gerente Executivo da Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abracro), Fernando Francisco, os principais gargalos no Brasil são: contratos, melhora logística, capacitação profissional em pesquisa clínica e laboratório central. Isto porque amostras têm que ser enviadas para o exterior.


Desafios

Dados epidemiológicos reais que suportem a necessidade brasileira, a implementação da lei, a questão aduaneira com relação aos prazos (tempo para o desembaraço dos insumos é bastante demorado), dos tributos de produtos de pesquisa clínica (outros países têm isenção e isto diminui a competitividade do país) e expansão dos centros de pesquisa do Eixo Sul/Sudeste são alguns dos desafios em pesquisa clínica discutidos durante a primeira edição do EAPC, realizado pela Orentt Medical. “Além de expandir os eixos, é importante também descentralizar os centros de pesquisa para públicos não-representados”, reflete o oncologista Dr. Fernando Maluf, embaixador do congresso.


Estudos fase 3 são os mais prevalentes no país

Os estudos 1 e 2 estão mais distribuídos nos Estados Unidos, segundos dados apresentados no encontro. No Brasil, o que prevalece são os estudos fase 3, ou seja, já na fase de implementação. Existe uma vontade de toda a comunidade em obter maior participação do Brasil em estudos fase 1 e 2. Isto significa que há pouca inovação chegando e saindo daqui.


Áreas promissoras

Para o Dr. Fregnani, as áreas de PC que se destacam no país são oncologia, sistema nervoso central e doenças infecciosas, e as áreas que têm mais potencial para se destacar são cardiologia e hematologia. Há iniciativas federais para a Pesquisa Clínica no Brasil. “Está na agenda do governo. Desde 2005, há uma rede nacional de pesquisa clínica e uma portaria excelente (559)”, comenta. Esta portaria define os requisitos para a aprovação e monitoramento dos estudos, assegurando que os procedimentos respeitem os direitos dos indivíduos e a integridade dos dados coletados, em alinhamento às normativas internacionais de pesquisa científica.

Segundo o Dr. José Barreto, da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, a rede de prevenção e controle de câncer é prioridade e as pesquisas para a cura da doença dentro desta rede terão mais impacto. “Os objetivos do Governo são aumentar o acesso e diminuir o tratamento. A Oncologia integra o SUS e o SUS integra a oncologia”, comenta Barreto, que ressaltou que o slogan “Tempo é Vida” é a lógica dentro do SUS.


Lei 14.874/24

Criada pelo Líder Nacional de Pesquisa Clínica da Oncoclínicas, Dr. Fábio Franke com o suporte de diretores do SBOC, a lei regulamenta a pesquisa clínica com seres humanos no Brasil. Após mais de sete anos de tramitação no Congresso Nacional, a nova lei foi publicada no ano passado.


Interesse chinês

Para o diretor da Abracro, Fernando Francisco, os chineses sabem do potencial brasileiro na área de pesquisa clínica pela sua diversidade étnica, infraestrutura e tradição, por conta disso tem muito interesse no país. “A China tem vontade de levar seus estudos para o Brasil. O papel deste país está cada vez maior, pois é mais rápido e mais barato que nos Estados Unidos e na Europa. Eles deverão ganhar espaço nesse processo político e com os cortes recentes feitos pelo presidente norte-americano”, diz o executivo que falou remotamente do território chinês durante sua palestra.


Reputação do Brasil em pesquisa

Para a líder Médica de Oncologia na AbbVie Brasil, Maria Isabel Duran, a indústria precisa ser proativa com relação aos headquarters no país. “Não somos lentos para implementar os estudos. É preciso comunicar isto para melhorar nossa imagem”, comenta a Diretora Sênior de Pesquisas Clínicas da AstraZeneca, Patricia Gutierrez.


Dados de mercado

Segundo informações do Instituto Brasil de Pesquisa Clínica (IBPClin), este mercado no Brasil vem crescendo nos últimos anos, mas ainda está em desvantagem em relação ao resto do mundo. Segundo dados recentes do Instituto, 65% das pesquisas sobre novos medicamentos, vacinas e equipamentos médicos são realizadas na Europa e nos Estados Unidos. Já a América Latina responde por apenas 4% dessas pesquisas, especialmente no desenvolvimento de novos medicamentos.


Segunda edição

O Congresso reuniu membros da indústria farmacêutica, governo, grupos cooperativos, investigadores, organizações de pesquisas acadêmicas, entre outros, com o intuito de caracterizar a situação atual na área de pesquisa clínica. A segunda edição já está marcada e será no dia 13 de março de 2026. 


Os porta-vozes estão disponíveis para entrevistas. Para agendamentos, enviar solicitações para o WhatsApp 11 93021-6482.

Veja os destaques do I Encontro Anual de Pesquisa Clínica

Alguns dos palestrantes durante o I EAPC (esq. para dir - Dr. Fernando Maluf, Dr. Fábio Franke, Dr. José Barreto e Dr. José Humberto Fregnani). Crédito fotos: Luís Gustavo | Grupophoto

Mais informações para a imprensa

Assessoria de imprensa Orentt Medical

Marina F. Camargo – comunicacao@orentt.com.br

11 93021 6482

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