Encontro
contou com a participação do Dr. José Barreto, coordenador da
Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES), do Ministério da
Saúde, e do Dr. Fábio Franke, criador da lei 14.874/24, além de
especialistas na área de pesquisa clínica;
Entre
os assuntos abordados, destaque para a credibilidade e reputação do
país, gargalos e interesse internacional; falta de trialistas e
investigadores clínicos brasileiros, que enfraquece a política de
ciência e tecnologia;
São Paulo, 27 de março de 2025 - A
pesquisa clínica, um dos temas mais relevantes da atualidade por conta
do impacto no avanço da medicina e pelo papel fundamental no
desenvolvimento de novas tecnologias, foi o assunto discutido no I Encontro Anual de Pesquisa Clínica, realizado pela Orentt Medical na última semana, em São Paulo. O Dr. José Barreto (foto), da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, e o Dr. Fábio Franke, criador da lei 14.874/24, além de médicos, pesquisadores, executivos da indústria farmacêutica e convidados discutiram os caminhos para o país se tornar protagonista neste setor. Entre os desafios estão o investimento na formação de pesquisadores e trialistas – que, hoje, estão fora do país -, o fim dos gargalos que envolvem complexidades contratual e logística, a melhora do arcabouço tecnológico, e a inovação para diminuir o déficit no número de tratamentos no Brasil em comparação com outros países do mundo.
Dr. José Humberto Fregnani, Superintendente de Ensino, Pesquisa e Inovação no A.C. Camargo Cancer
Center, destacou a falta de formação oficial para trialistas e
pesquisadores clínicos no Brasil, o que afeta a credibilidade científica
e o SUS. Ele apontou a necessidade de mais profissionais capacitados
para desenhar ensaios clínicos. Para Fernando Francisco, Gerente
Executivo da Abracro, os principais desafios no Brasil são os contratos,
a logística e a necessidade de enviar amostras para o exterior devido à
falta de infraestrutura local.
Mais desafios - Durante
a primeira edição do EAPC, discutiu-se a falta de dados
epidemiológicos, problemas com prazos aduaneiros, tributos elevados e a
concentração de centros de pesquisa no Sul/Sudeste. O oncologista e
membro do board científico da Orentt Medical, Dr. Fernando Maluf,
ressaltou a importância de descentralizar a pesquisa para alcançar
públicos não-representados.
Os
estudos 1 e 2 estão mais distribuídos nos Estados Unidos. No Brasil, o
que prevalece são os estudos fase 3, ou seja, já na fase de
implementação. Existe uma vontade de toda a comunidade em obter maior
participação do Brasil nas fases 1 e 2. Isto significa que há pouca
inovação chegando e saindo do país.
Áreas promissoras - Para
o Dr. Fregnani, as áreas de PC que se destacam no país são oncologia,
sistema nervoso central e doenças infecciosas, e as áreas que têm mais
potencial para se destacar são cardiologia e hematologia. Há iniciativas
federais para a Pesquisa Clínica no Brasil. “Está na agenda do governo.
Desde 2005, há uma rede nacional de pesquisa clínica e uma portaria
excelente (559)”, comenta.
Segundo
o Dr. José Barreto, da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, a
rede de prevenção e controle de câncer, por exemplo, é prioridade e as
pesquisas para a cura da doença dentro desta rede terão mais impacto.
“Os objetivos do Governo são aumentar o acesso e diminuir o tratamento. A
Oncologia integra o SUS e o SUS integra a oncologia”, comenta Barreto,
que ressaltou que o slogan “Tempo é Vida” é a lógica dentro do SUS.
Lei 14.874/24 - Criada
pelo Líder Nacional de Pesquisa Clínica da Oncoclínicas, Dr. Fábio
Franke, a lei regulamenta a pesquisa clínica com seres humanos no
Brasil. Após mais de sete anos de tramitação no Congresso Nacional, a
nova lei foi publicada no ano passado.
Para
o diretor da Associação Brasileira das Organizações Representativas de
Pesquisa Clínica (Abracro), Fernando Francisco, no que diz respeito ao
interesse internacional, os chineses sabem do potencial brasileiro na
área de pesquisa clínica pela sua diversidade étnica, infraestrutura e
tradição. “A China tem vontade de levar seus estudos para o Brasil. O
papel deste país está cada vez maior, pois é mais rápido e mais barato
que nos Estados Unidos e na Europa", diz o executivo que falou
remotamente do território chinês durante sua palestra.
Mercado - Segundo
informações do Instituto Brasil de Pesquisa Clínica (IBPClin), o
mercado de pesquisa clínica no Brasil vem crescendo nos últimos anos,
mas ainda está em desvantagem em relação ao mundo. Segundo dados
recentes do Instituto, 65% das pesquisas sobre novos medicamentos,
vacinas e equipamentos médicos são realizadas na Europa e nos Estados
Unidos. Já a América Latina responde por apenas 4% dessas pesquisas,
especialmente no desenvolvimento de novos medicamentos.
A próxima edição do evento está programada para o dia 13 de março de 2026, em São Paulo.
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