Em mais uma bobagem politicamente correta, retrato de Elizabeth vai para o “exílio” - e o neto problema continua a não dar sossego. Vilma Gryzinski:
Uma
das poucas vantagens de ter 95 anos deve ser não esquentar a cabeça com
tropeços passageiros. Talvez isto esteja ajudando a rainha Elizabeth a
relevar dois problemas incrivelmente tolos que foram colocados no seu
caminho.
Um
foi criado, mais uma vez, pelo neto que largou tudo para virar
milionário na Califórnia. Num momento que deveria servir para aproximar a
família, o príncipe Harry se revoltou com uma notícia da BBC de que a
rainha não tinha sido consultada sobre o nome da filhinha recém-nascida,
Lilibet Diana.
Lilibet é o apelido que a rainha ganhou quando era uma princesinha que ainda tropeçava no próprio nome.
Uma
“fonte do palácio”, significando o serviço de imprensa de Buckingham,
disse à BBC que a rainha não tinha sido consultada sobre o uso do nome
para sua bisneta. Harry teve um ataque de nervos e ameaçou a emissora
pública de processo, garantindo que houve, sim, consulta.
Assim,
indiretamente, comprou mais uma briga com o “palácio”, a estrutura de
funcionários que cerca a rainha e que ele já acusou de criar um ambiente
hostil para a mulher, Meghan.
Detalhe: já existe uma princesa com nome quase idêntico, Charlotte Elizabeth Diana, a filha do meio de William e Kate.
Pelo
protocolo, os nomes não deveriam ser repetidos, mas Harry e Meghan
querem seguir carreira própria – e garantir que a linhagem ilustre da
filha não seja ofuscada. É a conexão com a realeza, apesar de tão
malhada por eles, que garante seu valor no mercado de palestras,
Podcasts e correlatos.
Se
o próprio neto critica a realeza, imagine-se os estudantes das mais
elitista de todas as universidades, Oxford, dedicados, como seus colegas
do outro lado do Atlântico, a uma competição para ver quem é mais
politicamente correto.
A
última de Oxford foi que uma turma do Magdalen College, o colégio
criado em 1458 e nomeado em homenagem a santa Maria Madalena, votou por
tirar um retrato da rainha que ocupava a sala de estudos.
A
iniciativa foi de um estudante americano, Matthew Katzman, que está
fazendo doutorado em computação em Oxford e tem histórico de riquinho
“conscientizado” – fez o segundo grau na mesma escola que Malia, a filha
mais velha do casal Obama.
Como
presidente da turma, ele propôs a remoção do retrato porque referências
à monarquia podem provocar chiliques em estudantes procedentes de
países que foram colonizados pelos britânicos – uma desculpa boba,
evidentemente.
O
retrato que foi para o depósito não tem valor artístico ou histórico. É
uma foto colorizada de Elizabeth em 1952, quando se tornou rainha,
usando coroa e joias da sua impressionante coleção – nenhuma delas
“roubada de países negros ou marrons”, como alegou um professor de
estudos negros, Kehinde Andrews, pegando carona na polêmica para,
evidentemente, aparecer.
“A
rainha não representa apenas o colonialismo moderno, a rainha é
provavelmente o símbolo número um da supremacia branca no mundo”,
elaborou o professor.
Tirar
o retrato da rainha do Magdalen College (pronuncia-se “Modlin”, lembram
os ingleses esnobes) ou acusá-la de corporificar o racismo são tolices
típicas dos tempos atuais, mas que implicam na ruptura de um tabu. Pela
idade e o respeito que inspira, Elizabeth sempre pairou acima das
miudezas do debate político.
Agora, nem os 95 anos vividos com muita dignidade e consciência do peso enorme do papel que encarna a protegem mais.
E
o neto Harry, que escolheu a apresentadora Oprah Winfrey para derramar
suas queixas sobre a família, é um dos responsáveis por isso.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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