Pão Diário, Curitiba, 21 de junho — Na
próxima segunda-feira (28), comemora-se o aniversário de John Wesley,
um dos grandes pregadores do século 18, com mais de 50 anos de
ministério. Para celebrar a data e honrar o legado deste grande homem de
Deus, separamos um trecho de John Wesley do livro Grandes pregadores falam sobre santidade, de Publicações Pão Diário. Confira:
O PECADO EM QUEM CRÊ
Por JOHN WESLEY
…se alguém está em Cristo, é nova criatura.
—2 Coríntios 5:17
Existe,
então, pecado naquele que está em Cristo? O pecado permanece em alguém
que crê no Filho de Deus? Quem é nascido de Deus tem algum pecado ou
está totalmente liberto dele? Ninguém imagine isso como uma questão de
mera curiosidade ou de pouca importância, quer se conclua ser de uma
maneira ou da outra. Pelo contrário, para todo cristão sério, esse é um
ponto de extrema importância cuja resolução está fortemente relacionada
tanto à sua felicidade presente quanto à eterna.
No
entanto, não sei se houve essa controvérsia na Igreja Primitiva. De
fato, não havia espaço para debate acerca dessa questão, dado que todos
os cristãos eram concordantes. E, até onde observei, todo o corpo dos
cristãos da antiguidade que nos deixaram algo escrito declara, em
uníssono, que até mesmo os que creem em Cristo, até serem “fortalecidos
no Senhor e na força do seu poder”, têm necessidade de “[lutar] contra o
sangue e a carne”, contra uma natureza maligna e “contra os principados
e potestades”.
E
nisso a nossa própria igreja (como, de fato, na maioria dos aspectos)
copia exatamente a Primitiva, declarando em seu Artigo Nono: “O pecado
original é a corrupção da natureza de todo homem, pela qual o homem é,
em sua própria natureza, inclinado ao mal, de modo que a carne cobiça o
oposto do Espírito. E essa infecção da natureza permanece, sim, nos
regenerados, por meio da qual a concupiscência da carne, chamada em
grego phronema sarkos, não está sujeita à lei de Deus. E, embora não
haja condenação para o que crê, essa concupiscência tem em si a natureza
do pecado”.
O
mesmo testemunho é dado por todas as outras igrejas; não somente pela
igreja grega e romana, mas por toda igreja reformada da Europa, de
qualquer denominação. De fato, algumas delas parecem levar a coisa longe
demais, descrevendo a corrupção do coração de um cristão de maneira tão
escassa que permite que ele tenha domínio sobre essa corrupção, quando
na realidade ele se mantém escravo dela; e, por esse meio, dificilmente
fazem qualquer distinção entre quem crê e quem não crê.
Para
evitar esse extremo, muitos homens bem-intencionados, particularmente
os discípulos do falecido Conde Zinzendorf, esbarraram em outro,
afirmando que “todos os que verdadeiramente creem são salvos, não
somente do domínio do pecado, mas do ser do pecado interior e exterior,
de modo que não mais permanece neles”. E deles, muitos de nossos
compatriotas absorveram a mesma opinião, de que nem mesmo a corrupção da
natureza existe mais em quem crê em Cristo.
É
verdade que, quando os alemães foram pressionados quanto a isso, logo
admitiram (muitos deles, pelo menos) que “o pecado ainda permanece na
carne, mas não no coração de quem crê”; após certo tempo, quando o
absurdo disso foi demonstrado, deixaram de sustentar essa ideia,
admitindo que o pecado ainda permanecia, embora não reinasse, em quem é
nascido de Deus.
Os
ingleses, porém, que haviam recebido deles aquele conceito (alguns
diretamente, outros de segundos ou terceiros), não foram tão facilmente
convencidos a se separar de uma opinião favorita e, mesmo quando a
maioria deles se convenceu de que ela era totalmente indefensável, não
foi possível persuadir alguns a desistir e estes a mantêm até hoje.
Trecho de Grandes pregadores falam sobre santidade, págs. 31-33,
de Publicações Pão Diário.
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