Estima-se que seu trabalho tenha salvado da inanição entre 245 milhões e 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, trazendo-lhe o Nobel da Paz em 1970. Artigo de Vivaldo Breternitz, publicado pela Gazeta:
O
tratamento fanático dado a algumas causas nobres, como a preservação do
meio ambiente, acaba gerando mais problemas que soluções. Isso, aliado a
extremismos de natureza ideológica, potencializa danos, inclusive com
tentativas de destruição de biografias. É o que está acontecendo com
Norman Ernest Borlaug (1914-2009), um agrônomo americano que logo depois
de se formar foi trabalhar no México, onde desenvolveu pesquisas que
resultaram na criação de diversas variedades de trigo de alta
resistência e produtividade.
Graças
à aplicação dos resultados das pesquisas de Borlaug, em 1963 o México
se tornou exportador de trigo. Essas novas variedades foram introduzidas
por Borlaug na Índia e no Paquistão, fazendo com que a produção de
trigo destes dois países dobrasse entre 1965 e 1970, ajudando a combater
a fome endêmica que os assolava.
Borlaug
não estudava apenas trigo, mas diversos outros produtos. As técnicas
que desenvolveu e propostas do uso de tecnologia no campo foram levadas a
inúmeros outros países, inclusive tendo influenciado pesquisadores e
agricultores brasileiros no processo que levou nosso país à vanguarda do
agronegócio, que hoje em dia sustenta nossa economia. Borlaug visitou
nosso país em 2004 e 2006.
A
obra de Borlaug gerou o que foi chamado Revolução Verde. Estima-se que
seu trabalho tenha salvado da inanição entre 245 milhões e 1 bilhão de
pessoas em todo o mundo, trazendo-lhe o Nobel da Paz em 1970.
Voltando
aos fanáticos e extremistas: estes acusam Borlaug, dizendo que seus
métodos criam dependência de monoculturas, que suas técnicas de
agricultura são insustentáveis no longo prazo, que levam à
inviabilização da agricultura de subsistência e que provocam níveis
elevados de câncer entre trabalhadores que têm contato com produtos
químicos usados no campo.
Borlaug
rejeitou enfaticamente essas acusações, dizendo serem infundadas ou
falsas – evidentemente, se fossem verdadeiras em algum grau, o que se
deveria fazer era buscar soluções que mitigassem os problemas apontados e
não simplesmente pregar a volta à enxada, que certamente faria milhões
morrerem de fome, evidentemente com exceção desses pregadores.
Em
1986, Borlaug criou o World Food Prize (Prêmio Mundial da Alimentação),
destinado a reconhecer indivíduos que melhoraram a qualidade, a
quantidade e a disponibilidade de alimentos em todo o mundo. Os
agrônomos brasileiros Edson Lobato e Alysson Paulinelli receberam o
prêmio pelo seu trabalho no desenvolvimento da agricultura na região do
Cerrado. O ex-presidente Lula também foi premiado por sua atuação no
combate à fome como chefe de governo. O Prêmio Mundial da Alimentação
hoje é um programa da ONU e em 2020, como seu criador, recebeu o Nobel
da Paz. Norman Borlaug não pode ser esquecido ou diminuído!
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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