Permanecemos
em pandemia. Enquanto aguardamos a vacinação, ainda estamos em um
período delicado onde as informações mais consistentes a respeito de
prevenção se relacionam minimamente ao isolamento social e às medidas de
higiene, tais como o uso de máscara e de álcool gel. Apesar disso, em
meio à paralização das aulas em diversas escolas - principalmente da
rede pública - e aos inúmeros desafios diante da preparação acadêmica
durante um ano pandêmico, após um adiamento provisório, aconteceu nesse
último final de semana o exame nacional do ensino médio.
Estudantes de todo o país se reuniram para realizar sua primeira
etapa, mesmo sendo expostos a todos os riscos de contaminação, estando,
por vezes, em salas lotadas que desconsideravam as medidas de segurança.
Não foram raros os que sentiram inseguros ou desprivilegiados em
relação ao evento.
Contudo, uma boa noticia permeou o dia da prova: a possibilidade de
aumentar a ponderação acerca da saúde mental e de seus impactos na
atual sociedade. Com o tema: “O Estigma Associado às Doenças Mentais na
Sociedade Brasileira”, a redação do ENEM propiciou a reflexão, a
despeito do aumento de casos notificados relacionados a transtornos
psíquicos, sobre como ainda permanece cristalizada a visão
preconceituosa relacionada àqueles que não se encaixam em determinado
padrão.
Em uma sociedade que se apoia constantemente na concretude, essa
possibilidade de expandir o olhar, quando o assunto é a doença mental,
pode ser um contraponto essencial para que entendamos a necessidade da
ampliação de discussões relativas ao tema. Falar abertamente sobre
políticas públicas integrativas, principalmente para essa nova geração,
que entrará brevemente no mercado de trabalho, pode impactar
positivamente na forma como os sujeitos portadores de alguma síndrome
serão acolhidos num futuro próximo.
Em um ano onde o desrespeito aos direitos humanos ficou tão
evidente - onde o direito básico à saúde foi negligenciado diversas
vezes - a abertura ao diálogo sobre ações facilitadoras na reintrodução
do portador de um distúrbio, não apenas no mercado de trabalho, mas na
sociedade e em sua própria família, pode resultar no resgate da melhoria
da qualidade de vida, minimizando estigmas e tornando a inclusão algo
mais orgânico.
Em tempos em que nos vemos obrigados a meditar sobre o óbvio,
envolver mais pessoas na luta a favor da reinserção, aponta para uma
pequena vitória na direção de uma sociedade com maior equilíbrio mental e
equidade social.
Sobre a autora
Bruna Richter é graduada em Psicologia pelo IBMR e em Ciências
Biológicas pela UFRJ, pós graduanda no curso de Psicologia Positiva e em
Psicologia Clínica, ambas pela PUC.
Escreveu os livros infantis: "A noite de Nina - Sobre a Solidão",
"A Música de Dentro - Sobre a Tristeza" e " A Dúvida de Luca - Sobre o
Medo". A trilogia versa sobre sentimentos difíceis de serem expressos
pelas crianças - no intuito de facilitar o diálogo entre pais e filhos
sobre afetos que não conseguem ser nomeados. Inventou também um folheto
educativo para crianças relacionado à pandemia, chamado "De Carona no
Corona". Bruna é ainda uma das fundadoras do Grupo Grão, projeto que
surgiu com a mobilização voluntária em torno de pessoas socialmente
vulneráveis, através de eventos lúdicos, buscando a livre expressão de
sentimentos por meio da arte. Também formada em Artes Cênicas, pelo
SATED, o que a ajuda a desenvolver esse trabalho de forma mais
eficiente.
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Bruna Ritcher, psicóloga e escritora Divulgação baixar em alta resolução |
Rodrigo Arantes
rodrigo.burgos@goldoniconecta.com.br
(21) 2828-0407 / (21) 96441-5211

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