"Afronta”? De onde o presidente da Câmara foi tirar essa ideia? Pompeo fez a sua visita à convite oficial, e perfeitamente legal, das autoridades nacionais com responsabilidades sobre as relações externas do Brasil. J. R. Guzzo, via Gazeta:
Causou
escândalo no noticiário político, dias atrás, a visita à Roraima do
secretário de Estado norte americano Mike Pompeo, chefe das relações
exteriores dos Estados Unidos. Escândalo de 15 minutos, é claro, porque
hoje há em média uma meia dúzia de escândalos por dia, e a sua duração,
em consequência de toda essa oferta, é necessariamente curta. No caso,
quem teve o ataque de nervos foi o presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia. Disse que a visita do secretário Pompeo era “uma afronta”
ao Brasil, aparentemente porque ele esteve próximo à fronteira com a
Venezuela — e essa parte do território nacional, no entender do
deputado, não está subordinada às decisões políticas e diplomáticas do
governo brasileiro.
“Afronta”?
De onde o presidente da Câmara foi tirar essa ideia? Pompeo fez a sua
visita à convite oficial, e perfeitamente legal, das autoridades
nacionais com responsabilidades sobre as relações externas do Brasil.
Não veio clandestinamente, como já fez o Rei da Noruega, que um dia
resolveu aparecer no meio de uma tribo na Amazônia, nos braços de uma
ONG – mas aí vale tudo, porque seria um ato de apoio aos “povos da
floresta”.
Além
disso, tanto quanto se saiba, os Estados Unidos são um país com o qual o
Brasil mantém relações diplomáticas plenas; qual o problema que poderia
haver na visita de uma das mais altas autoridades norte-americanas a um
dos 27 estados brasileiros? Enfim, o secretário Pompeo não veio aqui
para falar mal do papa Francisco ou do Dalai Lama, nem para criticar
nenhum país aliado do Brasil. Veio para sentar a pua na Venezuela – que
insulta os Estados Unidos diariamente e trata o governo brasileiro como
um inimigo, além de fascista, genocida, ditatorial-militar, etc, etc.
A
Venezuela, ao exato contrário do que foi dito no chilique do presidente
da Câmara, não é “país amigo do Brasil” coisa nenhuma. Pode ser amiga
dele, e de seus amigos do “campo progressista”, mas do Brasil não é.
Está em vigor, ali, uma ditadura grosseira, a única da América do Sul
neste momento e a diplomacia brasileira tem todo o direito de deixar
claro que reprova o regime “bolivariano” e não quer conversa com ele,
assim como não quer médicos cubanos e relações íntimas com Cuba.
Por
que o Brasil deveria ser a favor da Venezuela? Ainda bem que é contra. O
acesso antiamericano do deputado pode ter ocorrido a pedidos do “campo
progressista”, mas daí não passa. O restante do país não tem nada a ver
com isso.
O
presidente da Câmara dos Deputados, imitando outros vultos de grande
destaque da política nacional como João Doria, Wilson Witzel ou Renan
Calheiros, para não falar de Luciano Huck, tornou-se um neo-esquerdista.
Dá a impressão de achar, como os outros, que isso é uma ideia e tanto
para o futuro da sua carreira – quem sabe, desse jeito, ainda não acabam
presidentes da República? As próximas eleições dirão se o cálculo foi
bem feito.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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