MEDIÇÃO DE TERRA

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domingo, 7 de junho de 2020

Quando assumiu o BNDES, Lessa descobriu que o PT não tinha programa econômico


Morre o economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES | Notícias |
Lessa soube usar o BNDES para fazer a economia voltar a crescer
Carlos Newton
Em 2002, Lula da Silva acertou duas vezes na loteria – ao vencer a eleição presidencial e ao atender a uma indicação dos economistas Aloizio Mercadante e Maria da Conceição Tavares, tendo convidado o professor Carlos Lessa e o engenheiro Darc Costa para dirigirem o BNDES.
Os dois eram amigos fraternos e já tinham sido diretores do banco de fomento, que era a praia deles, digamos assim, não teriam nenhuma dificuldade para apresentar bons resultados. 
NÃO HAVIA PROGRAMA – O primeiro passo foi montar uma diretoria altamente técnica, sem indicações políticas e que abrigou apenas um petista, como diretor social, indicado pelo ministro José Dirceu, da Casa Civil.  
Lessa e Darc procuraram saber qual era a orientação a seguir e então descobriram que o PT simplesmente não tinha qualquer programa econômico. O único pedido de Lula foi a reativação da indústria naval, para abrir empregos aos metalúrgicos.
A falta de proposta econômica foi uma benção divina, porque os dois puderam trabalhar livremente, com apoio da equipe técnica do BNDES, altamente especializada em todos os ramos da economia, e recebendo subsídios também outros técnicos do governo e da iniciativa privada.
FIZERAM UMA REVOLUÇÃO – Como presidente e vice, Carlos Lessa e Darc Costa fizeram uma revolução interna e externa no banco. Atenderam ao pedido de Lula com a maior facilidade, bastou uma visita à Petrobras e logo os estaleiros ganharam encomendas e voltaram a contratar. 
Ao mesmo tempo, criaram dezenas de linhas de crédito e deram prioridade a setores estratégicos, como informática, indústria farmacêutica, inovação, substituição de importações, ferrovias e exportação, beneficiando também comércio e serviços.
Em setembro de 2003 lançaram o Cartão BNDES, para atender micros, pequenos e médios empresários com financiamentos automáticos, juros de 1% ao mês, liberados aos empresários sem burocracia pelo gerente do banco comercial com o qual operassem.
CONTEÚDO NACIONAL – Nos linhas de crédito, criaram a política de uso de conteúdo nacional, para fortalecer a indústria, e a resposta dos empresários foi impressionante. Havia filas para modernizar linhas de produção industrial e até a agricultura disputava os financiamentos.
Lessa e Darc ficaram apenas dois anos na direção do BNDES. Mas plantaram as bases da retomada da economia brasileira, que foram florescer mais à frente, em 2010, quando o PIB brasileiro cresceu espantosos 7,5%.
Esses fatos, que presenciei como assessor da presidência do BNDES até 2007, mostram a importância do pensamento do filósofo americano Ralph Emerson (1803- 1882): “Toda instituição é um reflexo de quem a dirige”.

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