MEDIÇÃO DE TERRA

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sexta-feira, 5 de junho de 2020

Pacientes com Covid-19 podem desenvolver tromboses, alerta cirurgião vascular


Especialista reforça que pacientes com fatores de risco para trombose devem informar seu médico ou serviços de emergência caso contraiam o vírus

Tribuna da Bahia, Salvador
05/06/2020 17:09 | Atualizado há 2 horas e 51 minutos
   

A descoberta de microtrombos - pequenos coágulos - em pulmões de pacientes que morreram após contrair o novo coronavírus acendeu um alerta na classe médica. Apesar dos estudos estarem em fase inicial, na Europa e EUA, já é possível afirmar que o Covid-19 aumenta o risco para a formação de trombos em pacientes, com ou sem histórico de doenças vasculares, que evoluem para a forma mais aguda da doença.
“A Trombose é a interrupção do fluxo de sangue nos vasos sanguíneos, veias e artérias, pela formação de um coágulo e pode acontecer em qualquer vaso do corpo, seja da perna, pulmão ou abdome”, explica o médico Angiologista e Cirurgião Vascular do NACE – Núcleo de Angiologia e Cirurgia Endovascular da Bahia, Leonardo Cortizo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 37 segundos, uma pessoa morre por complicações de um coágulo sanguíneo. Durante a pandemia a comunidade científica já encontra correlação entre problemas vasculares causados pela infecção viral que foram apresentados em pacientes. “O Covid-19 é uma doença nova, a comunidade científica conhece muito pouco, mas nos últimos dois meses tem relacionado muito a ocorrência de fenômenos trombótico nos pacientes, principalmente aqueles com a doença mais grave”, afirma Cortizo. “O Covid-19 atua no sistema de coagulação das pessoas infectadas, ocorrendo um direcionamento da coagulação para a formação de trombos, seja nos vasos pulmonares ou nos vasos periféricos”, complementa.
O médico destaca que 80% dos pacientes do Covid-19 evoluem com uma forma assintomática e leve da doença. Mas faz um alerta para os pacientes que vão precisar de internação. “Cerca de 20% vão evoluir para uma fase ainda mais grave e precisarão de Terapia Intensiva. E o que temos visto é que estes pacientes desenvolvem uma alteração importante na hemostasia – que é o nosso sistema de coagulação. O vírus tem um estímulo inflamatório que vai desviar a cascata da coagulação no sentido de formar uma maior quantidade de trombos. Além disso, há uma ação importante no endotélio do vaso - parede interna - e pode causar lesão, aumentando a inflação, mecanismo que pode causar coágulo”, esclarece.
Médicos que estão à frente da pandemia em vários países relatam que coágulos nas pernas - trombose venosa profunda - estão sendo observados com mais frequência do que o normal em pacientes com Covid-19.
A preocupação é que esses coágulos podem se soltar e migrar para os pulmões e, a depender do tamanho, interromper totalmente a circulação de sangue neste órgão, levando a uma embolia pulmonar, o que pode ocasionar a morte do infectado.
Recentemente a imprensa europeia divulgou uma análise de cientistas chineses em 183 pacientes de Covid-19 revelando que 71% dos que morreram apresentavam coágulos. Já na Holanda, um estudo parecido com 184 pacientes infectados e internados em UTIs mostrou que um terço deles tinha coágulos.
Estudos e Tratamentos
Por se tratar de um assunto recente na medicina mundial, o Cirurgião Vascular Leonardo Cortizo explica que “ainda não podemos aplicar condutas conclusivas pois estamos em estudos iniciais sobre a atuação do vírus. Porém nesses pacientes mais graves com Covid-19 tem sido indicado fazer profilaxia para trombose e embolia pulmonar para os que estão internados, usando uma dose mais baixa de anticoagulante para prevenção. Mas alguns estudos já apontam também para os benefícios no uso de uma dose maior de anticoagulante como tratamento, e não mais profilática”.
O médico ressalta a importância da avaliação precoce do paciente. “Durante a avaliação no serviço de emergência o médico precisa ser informado sobre esses pacientes de risco para trombose, seja um paciente obeso, com histórico familiar, histórico pessoal de embolia pulmonar, câncer. É importante comunicar ao médico para que seja monitorado mais de perto e, se for o caso, pode vir a ser necessário o uso da terapia anticoagulante até mais precoce”, esclarece.
Enquanto aguarda novos estudos para entender melhor a doença, Cortizo lembra que a dosagem de anticoagulantes ainda está sendo debatida e precisa de embasamento científico para se tornar um protocolo de tratamento. “Neste momento os médicos estão observando caso a caso e estudando a melhor forma de tratar a possibilidade de formação de coágulos”, conclui.

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