MEDIÇÃO DE TERRA

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domingo, 7 de junho de 2020

Covid-19: Pandemia atinge 80% das cidades brasileiras

POLITICA LIVRE
brasil
A Covid-19 chegou a quase 80% dos municípios brasileiros e, em um mês, atingiu mais de 1.800 novas cidades.
Os dados são da plataforma Brasil.IO, que contabiliza números da doença a partir de boletins das secretarias de Saúde.
Nesta sexta (6), o portal do Ministério da Saúde que reunia números de mortes e casos pelo novo coronavírus saiu do ar. A pasta decidiu mudar a metodologia de divulgação dos boletins diários e não informa mais os números totais, apenas os novos registros em cada dia. O ministério também vem atrasando a publicação dos informes.
Ainda na sexta, o novo secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta, Carlos Wizard, disse que deve haver recontagem do número de mortes e, sem apresentar indícios, afirmou que os dados atuais são “fantasiosos ou manipulados”.
As medidas, que ocorrem após dois dias com recordes de mortes, foram alvo de críticas de parlamentares, pesquisadores, secretários de Saúde e integrantes do Judiciário. Eles acusam o governo Jair Bolsonaro de faltar com a transparência e tentar esconder os números da doença.
O Brasil é o terceiro país com mais mortes por coronavírus, atrás apenas de EUA e Reino Unido. Em total de casos, é o segundo no mundo.
Ao todo, mais de 35 mil brasileiros perderam a vida para a Covid-19, e mais de 600 mil foram infectados. A doença aqui já mata mais de uma pessoa por minuto.
Dos 5.570 municípios do país, 4.324 têm ao menos um caso confirmado —há um mês, eram 2.440— e em 34% das cidades há no mínimo um óbito pela doença.
Cinco estados (Acre, Amapá, Rio de Janeiro, Roraima e Sergipe) já têm doentes em todas as cidades, e em outros oito há pessoas contaminadas em mais de 90% dos municípios.
Os maiores índices de infectados por 100 mil habitantes estão na região Norte, especialmente no Amazonas. Lá, mais da metade das cidades tem taxa superior a 1.000 a cada 100 mil moradores.
A campeã é São Gabriel do Cachoeira, perto da fronteira com Colômbia e Venezuela. São 4.898 casos por 100 mil habitantes, ou uma pessoa doente a cada 20 moradores.
O Estado foi o primeiro a ter seu sistema de saúde superlotado, e circularam nas redes sociais imagens de pacientes ao lado de corpos em hospitais. Para dar conta do volume de mortes, a prefeitura de Manaus abriu valas comuns nos cemitérios e providenciou contâiners frigoríficos para armazenar cadáveres.
Segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo, atualmente, dez estados têm mais de 80% de ocupação dos leitos de UTI para Covid-19. Em cinco, menos de 10% dos equipamentos estão disponíveis.
Embora já assuste, o número real de casos deve ser ainda maior em todo o país. Devido à falta de testes, é difícil ter uma dimensão correta da epidemia. Alguns estudos estimam que a subnotificação pode ultrapassar os 90%.
Como a Folha mostrou, dados do Ministério da Saúde tabulados pela reportagem indicam que o Brasil teve, até abril, mais de 6.000 mortes provavelmente causadas pela Covid-19 que não entraram nas estatísticas oficiais.
A estimativa para esse montante considera o número de mortes acima da média histórica (de 2015 a 2019) decorrente de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) sem causa definida —além do coronavírus, a doença também pode ser causada por vírus como H1N1 ou influenza A.
Problemas no processamento, coleta e análise dos testes podem ser responsáveis pela subnotificação desses óbitos. Ao menos 61% (3.713) desses pacientes tiveram amostras coletadas fora do período em que o teste utilizado (o RT-PCR) é mais sensível à detecção do novo coronavírus.
Há ainda outros fatores que podem prejudicar a análise e levar a falsos negativos, como forma de coleta, armazenamento, material utilizado nos exames e até tempo de processamento.

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