A sindicalização do sistema judiciário, incentivada na era petista, é
uma das piores desgraças do país, segundo J. R. Guzzo, em sua coluna na Gazeta:
De todas as desgraças que aconteceram na Justiça brasileira nos
últimos 30 anos, é provável que nenhuma se compare em toxidade com a
sindicalização do sistema judiciário como um todo – juízes, procuradores
e tudo o que têm em torno de si. O Ministério Público — seja o da
União, que engloba Brasília, seja o dos 26 estados — é a parte pior.
Por via da Constituição destrutiva que desde 1988 condena o país ao
atraso eterno, o MP, um monstro com cerca de 14 mil procuradores e 45
mil funcionários, não está subordinado a nenhum dos três poderes legais
da República, não presta contas a ninguém e nenhum dos seus membros
precisa ser eleito pelos cidadãos para exercer a autoridade do cargo.
Eleições, ali, só as “internas”, entre eles próprios – e cada vez que se
olha para isso é simplesmente um horror.
O fato é que, ao longo do processo de degeneração que vem passando
desde a sua criação, o MP transformou-se num sindicato ilegal (sob o
disfarce de “associações”), com todos os vícios do sindicalismo. Esses
sindicatos não representam, de fato, o conjunto dos procuradores
federais e estaduais que há no Brasil. É claro que não: desde quando um
sindicato brasileiro, qualquer que seja, representou de verdade a
categoria de trabalhadores que representa?
No MP é pior ainda. Suas eleições são armadas para impedir a
expressão da maioria dos procuradores e o resultado óbvio é que as
“associações” que falam e agem em nome de todos são, na verdade,
controladas por facções políticas antidemocráticas. Estão empenhadas em
três coisas: arrancar do contribuinte salários, vantagens e privilégios
cada vez mais agressivos, fazer militância ideológica e excluir da
direção da “categoria” qualquer possibilidade de outras opiniões.
O último retrato desde naufrágio são as eleições para o Conselho
Superior do Ministério Público Federal, ou CSMPF, uma espécie de CUT dos
procuradores da União: mais uma vez, suspeita-se a existência de
fraude, como acontece normalmente no mundo sindical.
Uma comissão formada para acompanhar os trabalhos adiou por um mês a
eleição ao descobrir numa auditoria que os donos da “categoria” usavam
para organizar a votação uma “plataforma eletrônica” interna (um negócio
chamado “Valum”) que não pode garantir objetivamente a honestidade da
eleição. É essa mesma central sindical, em eleições deste tipo, que faz
as “listas tríplices” para a escolha das grandes chefias do MP.
Não pode dar certo, nunca deu e nunca dará. Mas vai continuar assim,
porque o Brasil é cada vez mais um cartel montado para mandar no Estado e
no erário público.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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