Pedro do Coutto
O ex-presidente Lula da Silva, em
entrevista â Carta Capital, reproduzida ontem pela Folha de São Paulo e O
Globo, cometeu um erro enorme ao dizer que o coronavírus foi positivo
para alertar o governo do presidente Bolsonaro sobre a importância de um
Estado forte para conter o avanço da pandemia. A natureza, frisou,
havia criado um monstro chamado coronavirus. Este monstro está
permitindo que os cegos enxerguem e, portanto, comecem a enxergar que
apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises, disse ele.A repercussão negativa fez com que o ex-presidente viesse a público se desculpar da frase em que elogiou a natureza por ter criado o monstro do coronavírus.
GRANDE ELEITOR – Lula, penso eu, na entrevista à Carta Capital, pretendia incluir críticas ao presidente da República. Entretanto, esqueceu que, na realidade, ele foi o grande eleitor de Bolsonaro, porque nas urnas de 2018, ao apoiar Fernando Haddad, deu margem a que Bolsonaro navegasse num mar revolto contra a administração do PT, que instalou uma corrupção desenfreada a começar pela Petrobrás.
O eleitorado foi então levado a decidir entre um símbolo humano da extrema direita brasileira e a atmosfera de corrupção envolvendo as legendas que se apresentam como de esquerda mas que na prática conseguem através dessa farsa transformarem-se em conservadoras.
Como sempre acentuo, o conflito entre o conservadorismo e a ideia de reforma tem de se basear no apoio a um novo modelo capaz de ampliar a renda do trabalho e assim ir ao encontro de um início de processo de desenvolvimento social. Para o desenvolvimento social o único caminho é o do trabalho.
DESIGUALDADE SOCIAL – A corrupção, no entanto é concentradora de renda, até porque a grande maioria da população brasileira não possui a menor condição de agir nas obras públicas, no reajustamento de contratos, na compra de equipamentos indispensáveis as atividades construtivas e tampouco tem acesso aos almoços e jantares oferecidos por empresários nos quais os objetivos se voltam para um relacionamento capaz de amanhã ou depois conseguirem as facilidades que estão em seu pensamento e na sua ótica.
Luis Inácio Lula da Silva, que, como já disse, elegeu Bolsonaro, agora parece sustentar o governo dele, na medida em que, criticando-o, restabelece a polarização que mais interessa ao Planalto.
FRAUDES NA AJUDA – A repórter Geralda Doca, O Globo desta quinta-feira, destaca a ocorrência de fraudes de grande porte no programa de distribuição de 600 reais a pessoas carentes. A lei que permitiu esse desembolso pelo governo determina que o auxílio pode ser destinado àqueles que tiveram em 2019 renda anual inferior a 28 mil reais.
Com isso abriu-se a porta para que indevidamente grande número de servidores públicos e militares se inscrevessem no programa. Receberam indevidamente. Tanto assim que o Ministério da Defesa já identificou os militares que burlaram a essência do programa embolsando o dinheiro como se fossem pessoas de renda muito baixa.
APOIO A ESTADOS – Na manhã de ontem o presidente Bolsonaro promoveu encontro com governadores para anunciar que na parte da tarde iria sancionar o projeto que libera 60 bilhões de reais para estados e municípios. Em troca os governadores assumiriam o compromisso de agir sobre os representantes de seus no sentido de impedir a hipótese do veto ser derrubado. O veto se refere ao reajuste salarial que o Palácio do Planalto quer adiar para janeiro de 2022. Os governadores que se manifestaram através da vídeo conferência assumiram compromisso.
Mas no fundo, concordaram para garantir as aparências também o deputado Rodrigo Maia e o Senador Davi Alcolumbre, especialmente este último, destacaram que o encontro de ontem tornou-se um encontro histórico. Para mim histórica foi a encenação presidida por Jair Bolsonaro.
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