Ainda sem solucionar o blecaute que deixou a maior parte da
Venezuela às escuras desde a semana passada, o governo do presidente
Nicolás Maduro indiciou nesta terça-feira, 12, o líder opositor Juan
Guaidó por “sabotagem” do sistema elétrico, sem apresentar provas. O
chavismo também deteve por várias horas um jornalista crítico ao governo
e tentou relacioná-lo ao apagão em meio a ameaças de novas sanções dos
Estados Unidos. O indiciamento de Guaidó foi anunciado pelo
procurador-geral da República Tarek William Saab. Outras autoridades
chavistas tentaram vinculá-lo, sem provas, ao apagão, que nesta terça
entrou no seu sexto dia com relatos de saques na cidade de Maracaibo, a
segunda maior da Venezuela. Guaidó já responde a um processo de
incitação à violência, mas o chavismo não agiu contra ele nem quando o
presidente da Assembleia desafiou uma proibição de saída do país, em
virtude das ameaças da Casa Branca de que haveria “consequências” se o
governo prendesse o líder opositor, que se declarou presidente interino
do país em janeiro. Logo após o indiciamento, Guaidó convocou seus
partidários às ruas para protestar contra Maduro. “Hoje, mais uma vez, a
Venezuela está nas ruas para exigir a volta da democracia”, disse.
Ainda nesta terça, o enviado dos Estados Unidos para a Venezuela Elliot
Abrams, afirmou que novas sanções pesadas contra o país devem ser
anunciadas nos próximos dias, até mesmo contra o setor financeiro
venezuelano. “Se Guaidó for preso, os Estados Unidos atuarão com
rapidez”, afirmou. Segundo o ministro da Informação venezuelano, Jorge
Rodríguez, a rede elétrica está quase restabelecida e o fornecimento de
água será normalizado. Caracas começou a sofrer com a falta d’água na
segunda-feira, quando o equipamento que bombeia água dos mananciais para
a cidade parou de funcionar pela falta de energia. Na terça, diversos
moradores tiveram de caminhar até o Monte Ávila, que circunda a cidade,
em busca de nascentes de água potável para encher galões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário